ATA DA SEPTUAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA
PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
19.09.1997.
Aos dezenove dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa
e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada,
Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida,
Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta,
José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário,
Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Isaac Ainhorn, Nereu
D'Ávila e Pedro Ruas. Constatada a existência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos
de cópias das Atas da Septuagésima Sexta Sessão Ordinária e da Vigésima
Primeira Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pela
Mesa, o Projeto de Resolução nº 26/97 (Processo nº 2612/97); pelo Vereador
Antonio Hohlfeldt, 07 Pedidos de Providências e 01 Emenda ao Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 14/97 (Processo nº 1945/97); pelo Vereador
Carlos Garcia, 05 Pedidos de Providências; pelo Vereador Fernando Záchia, 01
Pedido de Providências; pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 23/97 (Processo nº 2808/97); pelo Vereador Luiz
Braz, o Pedido de Informações nº 148/97 (Processo nº 2813/97); pela Vereadora
Maria do Rosário, o Projeto de Resolução nº 28/97 (Processo nº 2674/97); pela
Vereadora Tereza Franco, 03 Pedidos de Providências. Ainda, foi apregoado o
Ofício nº 424/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando
informações adicionais ao Projeto de Lei do Executivo nº 38/97 (Processo nº
2675/97). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios: nºs 415/97, do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre; 152 e 153/97, da Senhora Inês Rosa, Coordenadora do
Comitê Porto Alegre Contra a Fome, a Miséria e pela Vida; 244/97, do Senhor
Pedro Paulo Salvadori Záchia, Presidente do Sport Club Internacional; 439/97,
do Senhor Geraldo Caravantes, Conselheiro-Presidente do Conselho Regional de
Administração do Rio Grande do Sul - CRA/RS; 1130 e 1134/97, do Senhor Renato
da Costa Figueira, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional do
Rio Grande do Sul; s/nº, do Senhor Dagoberto Lima Godoy, Presidente da FIERGS;
s/nº, do Senhor Cristiano Roberto Tatsch, Presidente da Companhia Riograndense
de Telecomunicações - CRT; s/nº, do Movimento Parlamentarista Brasileiro; s/nº,
dos Funcionários da Empresa Portoalegrense de Turismo S/A; s/nº, do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Ministério da Educação e do
Desporto; Convites: do Irmão Antônio José da Silva, Superior Provincial dos
Irmãos Maristas, para Missa de Ação de Graças pelos cem anos de fundação da
Ordem no Brasil; do Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano, para
coquetel de abertura do II Salão Top Student de Artes Plásticas; do General de
Divisão Dilermando Carlos Soares Adler, Comandante da Artilharia
Divisionária/6, para solenidade de passagem de Comando da AD/6 ao Senhor
General de Brigada Cyro Leonardo de Albuquerque; da Secretaria Municipal da
Cultura e autores, para sessão de autógrafos; Cartões: do Senhor Nelson Boeira,
Secretário de Estado da Cultura/RS; da Senhora Iara Sílvia Lucas Wortmann,
Secretária de Estado da Educação/RS; da Senhora Janice Mayer Machado,
Secretária-Geral de Governo/RS; do Senhor José Sperb Sanseverino, Doutor da
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; do Senhor Rubem
Becker, Reitor da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA; Impressos: da Ordem
dos Irmãos Maristas, alusivo à trajetória de cem anos da entidade no Brasil; do
Instituto Municipalista Brasileiro - IMB, divulgando o IX Congresso Nacional de
Vereadores; da Sociedade de Medicina de Santa Maria e da Antares Eventos e
Promoções Ltda., divulgando o I Congresso de Saúde Pública do MERCOSUL;
Telegramas: dos Deputados Estaduais Arno Frantz, Bernardo de Souza, Beto
Albuquerque, Valdir Fraga, Marcos Rolim e Paulo Azeredo; da Senhora Janice
Mayer Machado, Secretária-Geral de Governo/RS; do Senhor José Luiz Rocha Paiva,
Diretor-Geral do Departamento de Estradas e Rodagem - DAER; da Senhora Rejane
Rodrigues, Secretária Municipal de Esportes Recreação e Lazer. A seguir, o
Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor José
Jurandir Teixeira Leite, Presidente do Sindicato dos Telefônicos/RS - SINTTEL,
que, discorrendo acerca do processo de privatização da Companhia Riograndense
de Telecomunicações - CRT, criticou o posicionamento que vem sendo assumido a
respeito pelo Governador Antônio Britto, solicitando o apoio dos Parlamentares
deste Legislativo na luta contra tal privatização. Após, o Senhor Presidente
registrou as presenças dos Senhores Sérgio Prado, Leônidas Rodonel, Marli
Rither e Vítor Hugo Alcântara, representantes do Sindicato dos Telefônicos/RS.
Também, o Vereador Elói Guimarães solicitou informações acerca do tipo de
capital encontrado nas companhias de telecomunicações espanholas e o Vereador
João Motta, através de Questão de Ordem, solicitou fossem entregues à Mesa dos
trabalhos listagens distribuídas pelo SINTTEL, para coleta de assinaturas à
Emenda de Iniciativa Popular referente à área das telecomunicações. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Gerson Almeida reportou-se ao assunto abordado
pelo Senhor José Jurandir Teixeira Leite, em Tribuna Popular, declarando ser o
Partido dos Trabalhadores contrário à possibilidade de privatização da
Companhia Riograndense de Telecomunicações. Também, traçou paralelo entre as
posições assumidas a respeito pelo Senhor
Antônio Britto antes e depois de
sua posse no cargo de Governador do
Estado. A seguir, constatada a existência de "quorum",
foi aprovado Requerimento do Vereador Reginaldo Pujol, solicitando Licença para
Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, e foi apregoado Requerimento
do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando, nos termos do § 6º do artigo 218 do
Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para a Vereadora Anamaria Negroni,
no dia de hoje. Em continuidade, o Senhor Presidente declarou empossados na
vereança os Suplentes Gilberto Batista, em substituição ao Vereador Reginaldo
Pujol, e Nede Soares, em substituição à Vereadora Anamaria Negroni, informando
que Suas Excelências integrarão as Comissões de Constituição e Justiça e de
Urbanização, Transportes e Habitação, respectivamente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Vereador Lauro Hagemann declarou que seu Partido acredita existirem algumas
empresas estatais que podem e devem ser privatizadas. Ressaltou, contudo, não
ser este o caso da CRT, afirmando estar ocorrendo um processo de monopolização
dos meios de comunicação, visando a um controle dessa área a nível mundial. A
seguir, o Senhor Presidente registrou estarem tramitando neste Legislativo
Moções de Apoio à luta contra a privatização da Companhia Riograndense de
Telecomunicações e da Companhia Estadual de Energia Elétrica. Às nove horas e
cinqüenta minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais, sendo
os mesmos reabertos, constatada a existência de "quorum", às nove
horas e cinqüenta e um minutos. Após, o Senhor Presidente convidou a todos
para, em pé, ouvirem à execução do Hino Riograndense e convidou o Senhor José
Eduardo Utzig, Secretário de Captação de Recursos do Município de Porto Alegre,
e o Subsecretário José Henrique Paim Fernandes a integrarem a Mesa dos
trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib procedeu à leitura de
trechos do Relatório Final da Comissão Especial constituída para ouvir o
ex-Vereador Edi Morelli, declarando sua inconformidade com o teor do mesmo e afirmando
que considera inverídicos alguns dados nele contidos. O Vereador Fernando
Záchia referiu-se ao pronunciamento do Vereador João Dib, declarando a
necessidade de uma completa transparência na atuação das Comissões constituídas
na Casa e debatendo a melhor forma de encaminhamento dos trabalhos dessas
Comissões para que tal transparência seja viabilizada. O Vereador Luiz Braz
teceu comentários acerca das discussões efetuadas nesta Sessão, relativas à
Comissão Especial constituída para ouvir o ex-Vereador Edi Morelli, criticando
os termos empregados pelo Vereador Lauro Hagemann na elaboração do Relatório
dessa Comissão e discorrendo sobre a maneira como foram coletadas as
assinaturas para o mesmo. Na ocasião, os trabalhos estiveram suspensos das dez
horas e vinte e nove minutos às dez horas e trinta e um minutos, nos termos
regimentais. Reabertos os trabalhos, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Secretário José Eduardo Utzig, que discorreu acerca do Projeto de Lei do
Executivo nº 38/97 (Processo nº 2675/97), que autoriza o Poder Executivo a
contratar operação de crédito com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento - BID, para financiamento do
Programa de Desenvolvimento
Municipal de Porto Alegre, e respondeu a manifestações e questionamentos dos
Vereadores Luiz Braz, João Dib, Adeli Sell, João Carlos Nedel, Antônio Losada,
Gilberto Batista, Pedro Américo Leal e Nede Soares, acerca do assunto. Na
ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Francisco
Silveira, da Bancada do PMDB da Câmara de Encruzilhada do Sul. Às onze horas e
cinqüenta e cinco minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos
regimentais, sendo os mesmos reabertos às onze horas e cinqüenta e seis
minutos, constatada a existência de "quorum". Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs
130/95 e 166/97 e o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 05/97; em 2ª
Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 164 e 165/97; em 3ª Sessão, os
Projetos de Lei do Legislativo nºs 162 e 156/97, este discutido pelos
Vereadores Nede Soares, Renato Guimarães e José Valdir, os Projetos de Lei do
Executivo nºs 39, 41 e 40/97, este discutido pelo Vereador Adeli Sell. Na
ocasião, o Senhor Presidente, respondendo a Questão de Ordem do Vereador José
Valdir, prestou informações acerca da ordem de inscrição para pronunciamentos
durante o período de Pauta. Também, a Vereadora Tereza Franco, através de
Questão de Ordem, manifestou-se acerca do Projeto de Lei do Legislativo nº
156/97. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt manifestou-se
acerca do Projeto de Lei do Legislativo nº 166/97, de sua autoria, que modifica
a redação do artigo 2º da Lei 462/50, referente à autorização de doações de
imóveis, discorrendo acerca do Abrigo Espírita Dias da Cruz, que enfrenta
problemas face à situação do imóvel onde se encontra instalada sua sede. Após,
o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TEMPO ESPECIAL, nos termos do inciso
"f" do § 1º do artigo 94 do Regimento, ao Vereador José Valdir, que
procedeu a relato de viagem feita a Brasília, juntamente com a Vereadora
Anamaria Negroni, para audiência com o Ministro dos Transportes a fim de tratar
do processo de negociação dos moradores da Vila dos Ferroviários, tendo em
vista a premência da licitação das casas onde estes moradores vivem há mais de
quinze anos. Durante a Sessão, o Senhor Presidente, respondendo a Questões de
Ordem dos Vereadores Gerson Almeida, Luiz Braz, João Motta, João Dib, Juarez
Pinheiro, Guilherme Barbosa, Maria do Rosário, Antonio Hohlfeldt, Nereu
D'Ávila, Gerson Almeida e a Requerimento verbal do Vereador Nereu D'Ávila,
prestou informações acerca do Relatório Final referente à Comissão Especial
constituída para ouvir o ex-Vereador Edi Morelli e declarou que as notas
taquigráficas da Sessão de hoje serão encaminhadas à Procuradoria deste
Legislativo, para o completo esclarecimento dos quesitos formulados a respeito
do assunto. Ainda, respondendo à Questão de Ordem do Vereador Fernando Záchia,
o Senhor Presidente prestou informações acerca do acesso dos Senhores
Vereadores às notas taquigráficas dos discursos efetuados durante as Sessões
Ordinárias. Também, o Vereador João Dib formulou Requerimento verbal
solicitando a constituição de sindicância
para averiguar a forma
como a convocação para a última reunião da Comissão Especial constituída
para ouvir o ex-Vereador Edi Morelli foi entregue aos Senhores Vereadores , Requerimento este retirado
pelo Autor, e o Vereador Juarez Pinheiro formulou Requerimento verbal
solicitando fosse ouvida a Procuradoria da Casa acerca da constitucionalidade
do artigo do Regimento que proíbe o acesso dos Senhores Vereadores às notas
taquigráficas dos pronunciamentos efetuados durante as Sessões Plenárias, antes
de transcorridas quarenta e oito horas. Às doze horas e cinqüenta e seis
minutos, o Senhor Presidente convidou a todos para apresentação de dança a ser
efetuada pelos funcionários da Casa, a seguir, junto à rampa de acesso a este Legislativo
e, constatada a inexistência de "quorum", declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Clovis Ilgenfritz, Paulo Brum e Guilherme Barbosa e secretariados
pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Passamos à
TRIBUNA POPULAR
Este espaço foi solicitado pelo Sindicato
dos Telefônicos do Rio Grande do SUL - SINTTEL, o assunto é a privatização da Companhia Riograndense de Telecomunicações - CRT.
O Sr. José Jurandir Teixeira Leite, Presidente do SINTTEL, está com a palavra. É uma grande
satisfação recebê-lo nesta Casa.
O SR. JOSÉ
JURANDIR TEIXEIRA LEITE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Esta Casa sempre nos
acolheu com muito carinho, nós temos muito respeito por ela e sempre a ela recorremos nos momentos mais difíceis
por que passam os trabalhadores do Rio Grande do Sul, especialmente os
empregados da CTR. Nesta Legislatura, já fizemos uso desta tribuna para tentar
evitar que fosse cometido um crime contra o patrimônio público do nosso Estado
e do nosso País. Distribuímos material
naquela época e hoje estamos
distribuindo de novo, é um "folder’
que fala. Por uma empresa
pública e eficiente sob o controle dos trabalhadores e da sociedade".
Naquele período, quando o
Governo Britto colocava a primeira parte da CRT à venda, nós alertamos esta
Casa sobre o que estava sendo cometido e o que representavam e representam
as telecomunicações para o desenvolvimento do nosso Estado e do nosso
País. Este "folder", com muita clareza, diz como eram as telecomunicações no Brasil quando pertencia ao
capital privado: equipamentos sucateados, não havia regulamentação e as
comunicações eram quase impossíveis
entre os estados e os municípios.
Foi preciso que o Estado e o Governo interviessem nas telecomunicações
para colocar à disposição do povo brasileiro a disseminação da comunicação em
todo o Brasil, para todos os brasileiros, independente de terem acesso, de
terem possibilidade de comprar este
meio de comunicação.
Hoje parece que a História
nos remete a algumas realidades que sem muita programação e planejamento, vai
escrevendo suas linhas. Hoje, dia 19 de setembro, véspera de um dia muito
significativo para os gaúchos, estamos aqui ocupando novamente esta tribuna,
nesta Casa, que é um exemplo de democracia no Estado do Rio Grande do Sul e no
País. Olhando a história da Revolução
Farroupilha esta semana - há 162 anos - eu li um trecho da história de Bento
Gonçalves. Ela dizia assim: "O Presidente Antônio Rodrigues Fernandes
Braga - há época, do Rio Grande do Sul - proclamava: às armas cidadãos, às
armas que a Pátria está em perigo". Isso é porque o povo se levantava,
Bento Gonçalves se levantava, se insurgia contra o autoritarismo do Governo Federal
e do Governo da nossa Região. Na manhã seguinte, os farroupilhas ocupavam a
cidade e Bento Gonçalves divulgava um manifesto que vou passar a ler um
trechinho: "Os cidadãos, que se acham com as armas na mão, são vossos
irmãos, amam e respeitam a lei, e para fazê-la respeitar se viram obrigados a
empunhá-las. Com a fuga do Ex-Presidente Braga, a arbitrariedade desapareceu e
nas nossas mãos as oliveiras substituem a espada". O que quer dizer isso?
Que foi preciso um ato como o que
fizemos na Assembléia Legislativa, - não de subir em mesa, invadir ou ocupar a
Assembléia - para fazer com que as pessoas respeitassem a lei e a Constituição
deste País. Foi isso o que fizemos na Assembléia Legislativa.
Hoje os gaúchos estão
repetindo esta façanha para fazer valer o respeito a nossa cidadania, a nossa
Constituição, à liberdade, à independência das instituições e dos poderes que
não estão sendo mais respeitados no nosso Estado. Só que a nossa luta é
diferente. A nossa luta, hoje, é com este caderninho na mão, que se chama
Constituição do nosso Estado, Constituição do nosso País. E junto com o título
eleitoral e a caneta na mão, nós vamos fazer respeitar a Constituição. E por
que nós estamos fazendo esta campanha de coleta de assinaturas - estamos
distribuindo para cada representante desta Casa uma listagem para colher
assinaturas? Porque um cidadão chamado Antônio Britto, nas eleições de 1994,
mandou para a casa de cada companheiro trabalhador - e aqui está o documento,
assinado por ele, enviado para a minha casa e para a casa de todos os
trabalhadores da CEEE, da CORSAN, da CRT, aposentados e ativos - este documento
dizendo que era mentira que iria vender ou transferir a CRT para o Governo
Federal, e que dentro de seu projeto estava, como premissa, divulgado aos
quatro ventos deste Estado, que não ia vender a CRT, não ia privatizar, não ia
vender ou transferir a participação do Governo do Estado no capital da CRT, que
ela ia reinvestir toda a venda de ações e, ainda, manter, em qualquer hipótese,
os 51% de ações da CRT.
Então, Srs. Vereadores, esse
homem chamado Antônio Britto, não só
mentiu para os trabalhadores, para o povo do Rio Grande do Sul, ele
cometeu um estelionato eleitoral. E por isso ele tem que ser julgado neste
Estado, por mentir para o povo, por mentir para os trabalhadores, por mentir
para a sociedade gaúcha. E nós estamos vindo a esta Casa solicitar o apoio dos
Senhores, não numa campanha contra o Governador Antônio Britto, mas para que
ele, como governador de todos os gaúchos - e é meu governador porque foi eleito
pela maioria e está investido no poder
pelo voto direto - cumpra a palavra e aquilo que ele assinou com o povo gaúcho,
que é a carta que mandou para nossa casa. E que ele seja julgado sim, porque
nós vamos colocar uma ação contra um
crime de estelionato eleitoral. Porque uma pessoa que manda para a casa dos
outros uma carta dizendo que não vai vender a CRT, não vai transferir e que vai manter os 51% em qualquer hipótese,
está cometendo um crime. E esse crime está dito na própria matéria que ele fez
na Zero Hora, onde ele coloca: " Primeiro, é impossível vender a CRT ou a
CEEE; segundo, é desnecessário; terceiro,
é criminoso quem vender a
CRT.". Não sou eu que estou dizendo, é o Governador do Estado que está
dizendo que é um crime vender a CRT ou
a CEEE.
Nós estamos vindo aqui para
que os Vereadores saibam que aquilo que se diz em nosso País, se faz tudo ao
contrário nos países de Primeiro Mundo. As telecomunicações e todos os serviços
essenciais só estão sendo desregulamentados e só está sendo discutido como
abrir o capital dessas empresas, após o seu povo ter sido atendido nas suas
necessidades básicas como educação, saúde, telecomunicações, energia,
transporte e habitação. Aqui é tudo ao contrário. Aqui, tudo o que dá lucro e tudo o que é essencial
para o desenvolvimento, para a alavancagem do desenvolvimento de um povo, está
sendo entregue ao capital privado. E o nosso povo está sendo remetido, por este
governo, à condição de colônia do Primeiro Mundo.
Agradeço ao tempo que esta
Câmara nos deu, é a segunda vez que estamos aqui, pedindo o apoio dos Srs.
Parlamentares, e desta Casa, contra
este ato criminoso que está sendo cometido contra o povo do Rio Grande do Sul.
E hoje, tanto os trabalhadores como os usuários, estamos à mercê de uma indústria de defeito, no Rio
Grande do Sul, cada um dos Srs. Vereadores sabe disso, onde os armários da CRT,
que têm as telecomunicações, não têm mais sigilo, não têm mais chave e estão
abertos aos marginais para que façam dos armários das telecomunicações o que
quiserem. Não há mais sigilo telefônico neste País. E isso está sendo feito por quem? Pelos espanhóis, que hoje estão trazendo os seus trabalhadores
para ocupar nossos postos de trabalho aqui no Brasil, remetendo-nos à condição
de colônia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Temos
a satisfação de nominar a presença de várias lideranças, em especial, dos
Diretores do SINTEL, Srs. Sérgio Prado, Leônidas Rodonel, Marli Rither e Vítor
Hugo Alcântara. Sejam todos bem-vindos a esta Casa.
Pergunto às Lideranças se gostariam de fazer uma Comunicação, uma
vez que foi combinado que, a cada vez
que há a Tribuna Popular, podem usar desse tempo.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Esclarecimento): Sr. Presidente, gostaria de
ter mais um esclarecimento do nosso convidado Sr. Jurandir Leite. Ele fez uma
afirmação extremamente importante quando disse que no Primeiro Mundo há esse
desregulamento. Pergunto se essa empresa espanhola é estatal ou não?
O SR. JOSÉ JURANDIR LEITE: Neste
"folder" que está em suas mãos, no verso, está dizendo como são as
telecomunicações no mundo. Hoje, eles desregulamentaram. Ela é uma empresa de
capital privado, nacional, não abriu para os estrangeiros.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece que sempre tem a maior boa-vontade, o maior interesse
e constrange-nos dizer que não podemos fazer este tipo de encaminhamento que
não é permitido dentro da Tribuna Popular.
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): O orador falou e é do conhecimento público,
que está sendo desencadeada hoje uma campanha a uma Emenda de iniciativa
popular. Gostaria de solicitar que a Mesa peça ao Presidente do Sindicato para
que deixe para nós, que estamos dispostos a
nos engajar na campanha pela coleta de assinaturas, as listas à
disposição, através da Presidência da Mesa, para que sejam distribuídas aos
gabinetes para que todos os Vereadores interessados se envolvam nessa campanha
pública.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa faz suas as palavras do Ver. João Motta, temos certeza de que
vamos conseguir listas para distribuir a todos aqueles que têm interesse em
assinar.
O Ver. Gerson Almeida está
com a palavra para Comunicação de Líder.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiro
Jurandir Leite, Presidente do Sindicato dos Telefônicos e demais dirigentes. Em
nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, quero usar o tempo de Liderança
no dia de hoje para tratar sobre esse tema trazido à Tribuna Popular porque,
sem dúvida nenhuma, sabemos que em empresas públicas como a CRT e a Companhia
Estadual de Energia Elétrica,
estamos traçando não apenas o
destino de duas empresas, mas fazendo uma opção política sobre a possibilidade
maior ou menor de desenvolvimento econômico igualitário, harmonioso para o
conjunto da população do nosso Estado.
As opções que fizemos hoje
quanto à forma de gerir o controle social, público ou abdicar desses controles
sobre estas empresas, sem dúvida, são
decisões que não se restringem ao dia de hoje, elas vão moldar uma idéia
sobre o futuro do nosso Estado. Se serviços essenciais e básicos para o
desenvolvimento econômico, básicos até mesmo para a construção democrática do
nosso Estado, vão estar sob o controle público ou de oligopólios privados. E o
atual Governo fez uma opção, que é
entregar para os grandes oligopólios privados esses segmentos estratégicos,
econômica e culturalmente e sem falar em socialmente. Ele fez opção. Mas eu
digo que é como governador, porque ele, como candidato, fez uma outra opção.
Ele estabeleceu um outro compromisso, Ver. Pedro Américo Leal, entre candidato
e população, que deve votar ou não em algum candidato de acordo com as
propostas e compromissos firmados por ele porque toda pessoa de bom senso e de
boa índole estabelece o primeiro critério, que é o critério da boa vontade. Se
as pessoas estão me dizendo alguma coisa , eu tenho que acreditar nelas. Pois o
Governador Antônio Britto, numa carta que está sendo distribuída hoje, e que eu
anexo a uma Moção de Solidariedade que estou fazendo circular na Câmara, e
gostaria de ter a assinatura de todas as bancadas, em nome da bancada do PT,
solidariedade ao Movimento Gaúcho pela Cidadania, esta Câmara que já votou
várias moções desse tipo, democráticas e em prol do interesse público.
Eu quero dizer que, quando ele era candidato e selou,
portanto, seus compromissos públicos
com a nossa população, dizia que eram
boatos da oposição ou daqueles que gostam de fazer do fuxico forma e método de fazer política, quando dizíamos que,
a rigor, iam ser entregues para o monopólio privado as empresas como a CRT e
CEEE. Pois, infelizmente, o tempo nos deu razão e neste momento, quando um
candidato quebra os pactos essenciais entre ele e a sociedade que o elegeu, nós
estamos, companheiro Jurandir e demais
visitantes, rompendo a questão essencial da democracia que são os pactos
que estabeleceram uma maioria ou ajudaram a estabelecer uma maioria para um
determinado candidato em detrimento de outro. E, se esse quebra os compromissos
que assumiu com a sociedade, nós
estamos, sim, diante de um ato antidemocrático e, por isso, o Movimento Gaúcho
pela Cidadania tem na democracia o seu principal enlace e o seu principal
esteio de política.
Quero terminar dizendo o
seguinte, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, os Vereadores,
Guilherme Barbosa, Antonio Losada, Juarez Pinheiro, Renato Guimarães, Adeli
Sell, José Valdir, João Motta, Maria do Rosário, o companheiro Clóvis
Ilgenfritz, - o nosso Partido está há muito nessa luta e vai, cada vez
mais, se aprofundar na defesa desse patrimônio gaúcho, porque temos
a convicção de que o Estado do Rio Grande do Sul merece um desenvolvimento mais
harmônico, não onde o dinheiro público apenas sirva de recursos para as multinacionais. Nós queremos recursos para a saúde, educação, habitação e que a discriminação
e exclusão social passem a ser , em um futuro muito próximo, coisa do passado,
que nós vamos lembrar tristemente. Vamos estar construindo e caminhando para um
futuro mais cheio de realizações e mais satisfação e alegria para o nosso povo.
Esse é o nosso compromisso, esse é o móvel que faz com que nós,
homens e mulheres, em qualquer lugar que estejamos na vida pública, tenhamos
forças para acordar durante o dia, nos mobilizarmos e lutarmos o dia
inteiro, mesmo que em momentos essa luta receba muitas adversidades. Mas nós
sabemos que a verdade e a justiça vão imperar em nosso Estado. E não muito
longe, muito brevemente, o povo gaúcho vai dar a resposta devida de forma
unitária e decidida em prol do Estado. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Anamaria Negroni solicita para
tratamento de saúde no dia de hoje. A Mesa declara empossado o Suplente
Nede Soares, que assumirá também na CUTHAB.
O Ver. Reginaldo Pujol
solicita licença para tratamento de interesse particular no dia de hoje. Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em substituição ao Ver. Reginaldo Pujol, assume o Suplente
Gilberto Batista que integrará a Comissão de Constituição e Justiça.
O Ver. Lauro Hagemann está
com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PPS.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, prezado companheiro Jurandir Leite,
Srs. Vereadores, o meu Partido, o PPS,
vem debatendo, há muito tempo, a questão dos monopólios estatais, das empresas
estatais, e, hoje, nós temos uma posição diferente daquela que o velho PCB
tinha: nós acreditamos que algumas empresas estatais podem e devem ser privatizadas. No caso brasileiro, por exemplo,
o Estado assumiu comprometimentos que só oneram a sociedade, não trazendo
nenhum benefício. Mas existem estatais e estatais e controles governamentais
diferenciados. No caso das comunicações a coisa é diferente. Quem trabalha no
mundo da comunicação sabe que está-se desenvolvendo, hoje, um processo de
monopolização dos meios de comunicação com uma finalidade diabólica: a de
controlar o processo de informação no mundo. Os meios de comunicação são os
mecanismos, e a informação mexe com a inteligência das pessoas.
Não é por nada que a nossa
Companhia Telefônica Rio-Grandense, a nossa CRT - está sendo colocada num
processo de privatização dos meios de comunicação para, ali adiante,
privilegiar um processo hegemonizado de informação.
O SINTTEL está num bom
caminho, talvez até distraído com o problema corporativista, mas que ele saiba
que está prestando à sociedade, como um todo, um trabalho inestimável, que é
de, no meio da comunicação, nesse processo fundamental para o 3º Milênio, está
produzindo um alerta. E não é só o SINTTEL que deve estar empenhado nesta luta,
são outras entidades da sociedade, pilares da sociedade que têm que preservar
esse processo de comunicação, talvez
não na mão do Estado, mas que ele tenha o controle sobre
esse processo.
Essa é que é a questão! Nós não podemos admitir que o estado abra
mão desse controle e a forma como está sendo feito esse processo. É isso que
nos preocupa. Nós estamos entregando um bem preciosíssimo, para a nossa
sociedade, para mãos que não sabemos bem para que lado vão ou para que lado
querem ir. Não é por nada, Srs. Vereadores, que a maioria dos países do mundo e
não são do 3º Mundinho, não, são países do 1º Mundo, mantêm o controle das suas
comunicações; está aqui no “folder” do SINTTEL. Com exceção dos Estados Unidos,
que são o país mais liberal do mundo, onde cada um faz o que quer. Mas o estado
americano também tem controle. Não vamos nos iludir, e talvez tenha controle
maior do que aqueles que se exercem em
certos países do mundo, porque eles não abrem mão da sua soberania. O
particular pode explorar economicamente o processo, mas, politicamente, quem
controla é o estado. E nós estamos abrindo mão do econômico e do controle
político. Isso é que nos preocupa.
Portanto, companheiros do SINTTEL, eu tenho pelo Sindicato dos Telefônicos uma antiga afeição, pois
foi nesse Sindicato que nasceu o Sindicato dos Radialistas, na Sede da General
Vitorino, e, desde aquele tempo, nós, que estamos incluídos nas comunicações,
uns de um jeito e outros de outros, mas sempre dentro do mesmo processo, temos
esse respeito, porque o Sindicato dos Telefônicos, hoje, está desenvolvendo uma
luta que não é para beneficiar apenas a corporação, a luta do SINTTEL é em
benefício da coletividade, e de uma coletividade que não é só a nossa. Isso se
espraia para o resto do mundo. E, tomara, vamos ajudar para que o SINTTEL tenha êxito nesse processo em que
está empenhado. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência quer reiterar o apoio a esta luta. Quero informar que
temos duas moções para votar, na agenda de hoje, de apoio ao SINTEL e também
aos funcionários da CEEE.
Agradecemos a presença de
Jurandir Leite, Presidente do SINTEL; dos colegas de diretoria e dos demais que
nos visitaram.
(Suspendem-se
os trabalhos para as despedidas às 9h50min.)
O SR. PRESIDENTE (às 9h51min): Há uma solicitação dos funcionários da Casa para que
ouçamos o Hino Riograndense, fazendo-se uma rápida homenagem aos integrantes
deste movimento em prol da CRT.
(Procede-se à execução do Hino Riograndense.)
Agradecemos a presença dos
funcionários da Casa que vieram abrilhantar este momento.
Convido para fazer parte da
Mesa o Sr. Secretário de Captação de Recursos do distrito de Porto Alegre
Eduardo Utzig que, a convite da Casa, comparece para esclarecer questões de
crédito com o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, para
financiamento do Programa de
Desenvolvimento Municipal de Porto Alegre.
Antes dos esclarecimentos do
Sr. Secretário, passamos a palavra ao Ver. João Dib, em Comunicação de Liderança.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Antes de mais nada desejo reproduzir
aqui e agora o mais belo discurso que fiz nesta Casa e que não deve ter durado
trinta segundos. Homenageado o Sr. Adaucto Vasconcelos eu dizia: “Sr.
Presidente, Sr. Prefeito, eu não sou modesto. Acho que fui um bom prefeito, e
teria sido excelente prefeito se o meu
representante nesta Casa fosse o Adaucto Vasconcelos. “
Faço isso para homenagear
uma pessoa que realmente merece e não gastei os trinta segundos conforme havia
dito. Até a minha idade foi levada em conta no relatório do Ver. Lauro
Hagemann. E dizia: só os tolos podem
imaginar que o João Dib, inteligente que é, não acumulasse juventude e
envelhecesse simplesmente. Aprendi com a minha mãe que tem 93 anos, graças a
Deus. Mas, no relatório, que não aceito,
foi dito que me faltava autoridade e moral para criticá-lo, também não
aceito a falta de autoridade e de moral.
A minha reação foi ao
Prefeito que mandou ler desta tribuna um ofício, pelo seu Líder, para que a
Câmara não votasse a renovação de
votação da LDO em que doze milhões de reais estão destinados à propaganda no
primeiro semestre do ano que vem. Mas o Relatório também não é verdadeiro, e
estou pedindo ao Presidente, nos termos do Regimento, a renovação de votação.
Diz o Relatório: "Devemos salientar que a negociação política é prática
inerente do Parlamento e legítima do processo democrático e tem por objeto o
bem público". Trinta e três por cento no Imposto Predial não é público. E
continua dizendo o seguinte: "O ex-Ver. Edi Morelli disse na Comissão que
não houve troca de votos e que política
era negociação". Eu gostaria da
atenção de todos hoje para que eu não perca os cadernos, porque em minha
mocidade e impulsividade sou capaz de dizer algo mais.
Foi dito que não houve
troca. Eu, quando pretendi relatar me fiz acompanhar, permanentemente, da
Procuradoria da Casa, porque não queria incorrer em erro. Vou ler alguns
trechos do depoimento do Ver. Edi Morelli; " Perguntado ao depoente pelo
Ver. Carlos Garcia em relação à Av. Ver. Roberto Landel de Moura, situado no
Bairro Campo e Lavoura, se o depoente teria trocado voto pelo asfalto na
referida Avenida, o depoente confirma a troca de voto. Refere o Secretário de
Obras Sr. Newton Burmeister. Segundo o
depoente fica devendo resposta, porque em relação ao sonorizador da Av. Nilo Wolf localizado no Bairro Restinga Nova, o depoente afirma que a
negociação foi feita por intermédio dos Vereadores Guilherme Barbosa, João
Verle e do Secretário Arno Augustin. Segundo o depoente, o seu voto
seria o décimo sétimo, de trinta e três por cento de Imposto Predial para
todos." E aí para colocar um redutor de velocidade - são palavras de Edi
Morelli - naquela Avenida, eu troquei o
meu voto, Ver. Lauro Hagemann, troquei sim Senhor, fui o décimo sétimo voto da
votação do IPTU nesta Casa, tive que
enfrentar a minha Bancada, o meu Líder nesta Casa e inclusive o Presidente do
meu Partido. Para eu poder fazer alguma
coisa pela comunidade que confiou em mim e que depositou o voto na urna, fui
obrigado a negociar o meu voto. Se não fosse em benefício da comunidade, o
redutor de velocidade, para acabar com os acidentes na Nilo Wolf, acabar com o
terrível estado em que conviviam os moradores na parte alta da Av. Roberto
Landel de Moura, não teria dado o meu voto favorável, sem sombra de
dúvida. A negociação do voto que falo é
o contexto da coisa, que é negociação que me ofereceram. Faz a tua obra em
troca do teu voto. Foi uma negociação, no meu entendimento. Só concordei em
votar favorável porque me foi prometida a obra da comunidade, porque se não
fosse esse acordo, eu votaria contra. Era a minha decisão. Só que para
conseguir fazer a obra na comunidade, atender os anseios de uma comunidade, aceitei.
Foi negociado o meu voto pela obra." Pergunta o Ver. Fernando Záchia:
" Está bem claro que a iniciativa foi sempre do Executivo?' O Sr. Edi
Morelli: " Sempre partiu do Executivo. Por isso que eu disse que se nessa
negociação existe crime, o criminoso é o Executivo, e não eu.' Votei em troca
dos redutores de velocidade da Nilo Wolf. Inclusive nessa negociação
participaram João Verle, Guilherme Barbosa e o Secretário da Fazenda, Arno
Augustin."
E tenho aqui uma citação do
então Relator João Dib, que diz assim:” Senhor Presidente, dadas as declarações
do Ver. Edi Morelli, que citou as
pessoas, como Arno Augustin, Hélio Corbellini, Guilherme Barbosa, Olívio Dutra,
Adaucto Vasconcellos, essas pessoas devem ser convidadas para prestarem
esclarecimentos a esta Comissão para que se possa chegar a uma conclusão
correta. E a conclusão correta nunca seria que o Vereador é moleque."
Saúde e Paz! E que todos
tenham a saúde que eu tenho e a mesma força que eu tenho. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. GERSON ALMEIDA: Senhor Presidente, requeiro consulta à Procuradoria
desta Casa quanto às questões que vêm sendo colocadas insistentemente depois do
Relatório da Comissão, inclusive pelo Vereadores que se recusaram a participar
de algumas reuniões e que estão recorrendo sistematicamente, não à Comissão, ao
Plenário para criar mais fatos políticos que não têm a ver com o processo em
curso. Gostaria de saber por que o Plenário não pode ser submetido
insistentemente a esse tipo de procedimento. Então, já que há Comissão constituída com o Presidente, Vice-Presidente
e Relator, se há recurso, que seja formalizado. Até onde eu sei, em nenhum
momento foi feito. Caso contrário, vamos começar a mudar o nosso procedimento
em relação a esse tema.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa a V.Exa. que não recebeu nenhum Requerimento , até o presente momento, e que seria feito o
encaminhamento imediato à Comissão. O Requerimento, de fato, vem à Presidência,
que pode passar à Comissão. Só que não chegou nenhum Requerimento, até agora. E
nós vamos consultar a Procuradoria, para esclarecer os demais pontos, colocados
por V.Exa.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, pelo o que eu sei, este
Relatório não foi votado numa reunião. Os votos foram colhidos em gabinetes ou
pelos corredores. E o nosso Regimento não permite que isto aconteça. Então, eu
pergunto a V. Exa., como Presidente da Casa, qual a validade deste
procedimento, até para que a Casa possa se orientar com relação a este Parecer
da Comissão Especial.
O SR. PRESIDENTE: Até o presente momento, esta Presidência não recebeu oficialmente o
resultado da Comissão, razão porque não tem como lhe responder, a não ser que o
Presidente ou algum membro da Comissão pudesse fazê-lo. No momento, nada temos
oficial, nem o Relatório, nem o seu resultado e nem mesmo um Requerimento que o
Ver. João Dib disse que iria fazer, mas que ainda não chegou.
O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): Para um esclarecimento do meu acumulador de
juventude que diz, aqui, que eu estou encaminhando um Requerimento ao Ver.
Nereu D'Ávila, que não está aqui. Eu sou bem informado e nunca faltei a nenhuma
Sessão para a qual eu fui convocado. A última, eu não fui convocado.
O SR. PRESIDENTE: Existe uma controvérsia forte, porque a convocatória passou pelos
gabinetes e tem assinatura de pessoa do seu gabinete.
O SR. JOÃO DIB: Não, por baixo da porta.
O SR. PRESIDENTE: Não. Absolutamente.
O SR. JOÃO DIB: Eu verifiquei, Sr. Presidente. Veio a faxina e levou o papel.
O SR. PRESIDENTE: Não vamos duvidar da palavra de V. Exa. e nem, também, do que está
escrito no papel. A Mesa solicita que
não sejam feitas colocações anti-regimentais.
O Ver. Luiz Fernando Záchia
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Secretário
Utzig, desde que foi criada esta Comissão sempre participei de todas as suas
reuniões, só não participei da última porque estávamos eu, o Ver. Garcia e o
Ver. Pujol, no lançamento da pedra da criação do Centro Olímpico de Porto
Alegre, algo que estava agendado bem
antes desta Sessão. A convocação chegou na véspera da reunião, segunda-feira à
tarde. Deve haver um consenso na Casa de que nós,
Vereadores, temos dificuldades da
manutenção até das nossas próprias agendas.
Uma reunião importante de uma Comissão séria, porque envolvia a Casa, a
Instituição, não poderíamos ser comunicados na véspera. Deveria haver uma
melhor organização por parte da Comissão até porque não era um depoimento de uma testemunha que
deveria ser agendada, era sim a simples entrega do Relatório que o Ver.
Lauro, parece-me já havia feito desde a
quinta-feira passada. Por isso não vim e cheguei aqui às 11h05min e não havia
mais ninguém. Desde o início deixei bem clara a preocupação que tínhamos pelo
nome, conceito e tradição desta Casa.
Já que tinha sido aberta esta Comissão tínhamos que encaminhá-la seriamente, do seu início ao fim, com extrema cautela para que
não pudéssemos, posteriormente, deixar dúvidas no ar como está acontecendo
agora. Não posso concordar, Ver. Juarez Pinheiro, de que o depoimento escrito do Sr. Adaucto de Vasconcellos, pessoa
sobre a qual faço das palavras do Ver. João Dib as minhas, mas é uma peça
fundamental para que este Vereador pudesse ter uma opinião para votar no Relatório do Ver. Lauro Hagemann,
porque o Sr. Adaucto de Vasconcellos teria sido nominado pelo ex-Vereador Edi
Morelli. O Sr. Adaucto de Vasconcellos entregou o seu depoimento escrito para o
Presidente da Comissão. O Presidente da
Comissão entregou para o Relator, Ver. Lauro Hagemann. Para este Vereador não
entregou . Eu não tive acesso ao que dizia o Sr. Adaucto de Vasconcellos. Como
vou votar em um Relatório que se baseou pelo depoimento do Sr. Adaucto
Vasconcellos se este Vereador, O Ver. João Dib, o Ver. Cláudio Sebenelo, o Ver.
Garcia, o Ver. Eliseu Sabino não tivemos acesso ao depoimento? O Presidente da
Comissão deveria ter entregue uma cópia para os 11 Vereadores que faziam parte
da Comissão para que esses 11 Vereadores pudessem ler o depoimento do Sr.
Adaucto Vasconcellos e, no momento da votação, pudessem votar tranqüilamente,
com a transparência, com a consciência necessária.
Por isso, Ver. Juarez Pinheiro, digo que a Comissão deve ser do
início ao fim, feita com a maior transparência. Não convocar na véspera, e
devem entregar para os Vereadores as
peças extremamente importantes. Este Vereador veio aqui ouvir o depoimento do
Ver. Edi Morelli, ouvir o depoimento do Sr. Omar Ferri, ouvir o depoimento do
Ver. Guilherme Barbosa, ouvir o depoimento do Ver. Luiz Braz, todos esses
depoimentos me deram peças, me deram subsídios para que eu tivesse uma posição
firmada.
A peça mais valiosa, a peça
mais importante para que este Vereador pudesse ter uma posição firme, não tive
acesso. Na sexta-feira, à tarde não
chegou nada e não recebemos nenhuma convocação. Se chegou na sexta-feira, à
tarde, este Vereador tomou conhecimento na segunda-feira. Uma Comissão como
esta deveria ter no mínimo de uma agenda preestabelecida. Nós sabíamos que
tínhamos prazo. Está dito no
"release" da imprensa que foi aprovado na reunião da Comissão
de terça- feira. Um outro "release" diz: "Não houve quórum,
havia somente 5 Vereadores". Palavras do Presidente Nereu D’Ávila. Se não
houve quórum e só havia 5 Vereadores, eu não posso aceitar que o Ver. Garcia,
que estava comigo lá no Canal 7, não
estava aqui, que ele tenha votado nesse Relatório. Ele pode ter votado "a
posteriori", não na reunião. Se não foi votado na reunião, eu coloco sob
suspeita esta Comissão. Infelizmente, o Ver. Nereu D’Ávila não está presente,
mas eu coloco sob suspeita a Presidência desta Comissão. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Eu não
tenho procuração aqui para defender o Ver. Nereu D'Ávila, que é o Presidente
da Comissão, mas quero esclarecer ao Ver. Fernando Záchia que no dia e hora
marcados, e devidamente convocado para a reunião, o Presidente e os Vereadores
que estavam interessados naquela discussão estavam presentes. V. Exª se tinha
outra agenda fora é porque V. Exª priorizou
esse outro compromisso, e não o compromisso marcado devidamente pelo
Ver. Nereu D'Ávila, que sempre agiu de forma correta no encaminhamento dessa
Presidência.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa solicita que as manifestações se restrinjam a Questões de Ordem e Requerimentos.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, na forma do Regimento vou fazer um
requerimento oral, quero que a Mesa determine uma sindicância para saber de que
forma foram comunicados os Vereadores para comparecer. Até porque diariamente eu pedia ao Presidente que
fizesse a reunião e eu não fiquei sabendo.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa já fez uma sindicância - se esse é o termo - através da
Diretora Legislativa e está com todos os dados. Direi agora, de público, corrigindo
um erro da Mesa que recentemente
cometi, assumo porque era a informação que eu tinha, digo a V. Exª que no caso
da convocatória do seu gabinete ele
estava fechado - não era propriamente um horário para estar fechado, mas estava
fechado - e o funcionário colocou por debaixo da porta realmente, e falhou
porque não repetiu a convocação na segunda-feira.
O SR. JOÃO DIB: Foi o único gabinete?
O SR. PRESIDENTE: O único que eu tenho notícia.
A convocatória do Ver. Fernando Záchia está assinado por uma pessoa do seu
gabinete, na sexta-feira. De fato pode ter acontecido de alguns Vereadores já
não estarem mais na Casa e eu já
determinei uma reunião com o
funcionário que fez a entrega para o assunto ser esclarecido em todos os seus
aspectos. Não podemos nos deixar envolver por questões mal informadas.
Informei, até agora, o que foi passado para mim. Agora, não quero mais informar
- e peço aos Srs. Vereadores -, porque eu preciso sentar com as partes
responsáveis pelo assunto e colocar um ponto final. Vou ver o horário de cada
convocação e vamos estabelecer um processo em que o funcionário tem quer ser
chamado à sua responsabilidade, quando ele diz que fez, mas, na realidade, fez
pela metade: colocou lá e disse que estava entregue. A chefia tem que acreditar,
a Presidência, também. Não quero passar
a culpa para ninguém, assumo pessoalmente. Só quero dizer que este não é o
motivo maior dos nossos problemas, por favor.
Existe um outro problema político no qual a Mesa não pode interferir, a
não ser com a reunião da Comissão para chegar a uma conclusão.
O SR. JOÃO DIB: Estou de acordo, Sr. Presidente. Só gostaria que V. Exa. olhasse se
esse símbolo que está anotado ao lado do meu nome não está repetido nesse
documento que V. Exa. tem.
O SR. PRESIDENTE: Tem uma palavra: sim, como que foi entregue.
O SR. JOÃO DIB: Tem mais de uma Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Tem, também, do próprio Presidente Nereu D'Ávila está escrito "sim".
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a minha Questão de Ordem, na
verdade, é para fazer um apelo ao Ver. João Dib para que disputas políticas não
levem a buscar culpados nos
funcionários, que nada têm a ver com essas questões de ordem de disputa política.
Faço um apelo à sensibilidade do Ver. João Dib para que retire esse
Requerimento de pedido de sindicância e
que não busque num funcionário o que não é de seu jaez, a responsabilidade de
disputas políticas que estão estabelecidas por óbvio neste Parlamento. Muito
obrigado.
O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de um esclarecimento: a que horas da sexta-feira esta convocação
tentou ser entregue nos gabinetes, qual o horário de encerramento de trabalho
na Câmara na sexta-feira à tarde?
O SR. PRESIDENTE: Nós vamos esclarecer todas as questões na Sessão Plenária de
segunda-feira. Eu não posso entrar
neste tipo de detalhe, mas passa a ser uma insistência descabida.
Vou ouvir o Ver. João Dib e
encerrar esse assunto.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, atendendo à solicitação do Ver. Juarez Pinheiro, retiro o pedido de sindicância, até porque já foi
comprovado. E só quero informar: o meu servidor que saiu mais tarde, saiu às 17
horas de sexta-feira, quando o
expediente encerra às 16h30min.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Questão de Ordem): Perguntaria a V. Exa, se o Ver. Guilherme Barbosa, que não é
Vereador desta Comissão, se ele já
tinha cópia do Relatório antes de ser votado pela Comissão e a entregou para a imprensa, mais especificamente o
Jornalista Raul Moreau.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, estamos novamente
nos caminhos da subjetividade, não entro nessa. Os Vereadores serão
esclarecidos devidamente.
Pedimos um comparecimento, e estamos fazendo outra discussão, até fico um pouco constrangido, porque o Secretário tinha outros compromissos, outro programa, marcamos a hora, e estou pedindo desculpas pelo excesso de outros assuntos.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Esclarecimento): Sr. Presidente, no sentido de perguntar se todo o Vereador
não pode ter acesso a todo o documento dentro das Comissões Permanentes ou
Especiais ou Externas. Se mesmo não sendo integrante da Comissão, não é
facultado a todo o Vereador estar presente nas reuniões e ter acesso à
documentação. Isso é importante para essa Vereadora.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Respondo a V. Exa. que há transparência
absoluta e total em toda a documentação, exceto àquelas que sejam vedadas
regimentalmente, como Comissão Parlamentar de Inquérito, onde é solicitado sigilo
em alguns aspectos, ou o discurso do Vereador quando ele não autoriza a sua divulgação. Nos demais casos
há transparência total e isso é independente de o Vereador ser ou não da
Comissão. Todos os Vereadores têm direito a entrar numa reunião de Comissão e têm
direito à palavra. Só não podem
votar.
O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, infelizmente, na questão
desta Comissão eu vejo que houve, no meu entender pelo menos, uma absoluta má-fé por parte de quem fez o texto
do relatório, tentando atingir este Vereador. Não foi o problema de tentar-se
encerrar a Comissão, não foi o problema de tentar-se livrar a figura do Sr.
Adaucto Vasconcellos, a quem eu jamais quis envolver quando vim à tribuna e fiz
um comentário a respeito de negociação de votos, mas o texto que foi
apresentado à Comissão tentou pinçar o que havia, na verdade, de pior. Pinçou
detalhes e jogou-os na peça do relatório para fazer com que este Vereador
ficasse numa situação difícil e impossibilitado, inclusive, de trazer novas
denúncias para este Plenário.
A Vera. Maria do Rosário fez
uma Questão de Ordem questionando o direito
todos os Vereadores às peças que são produzidas pelas Comissões da Casa.
Eu tenho certeza absoluta, Vera. Maria do Rosário, que todos os Vereadores têm
este direito. Agora, nós não podemos considerar este relatório um relatório
oficial, ainda, da Casa e nem mesmo da Comissão. O Regimento diz que os
relatórios devem ser votados no seio das Comissões. Neste relatório a votação
foi feita, primeiramente, quando o Presidente da Comissão declarou falta de
quórum. O Presidente disse, quando abriu a reunião, que não exista quórum.
Posteriormente os votos foram colhidos nos gabinetes como foi o caso do voto do
Ver. Eliseu Sabino, de nossa Bancada.
Ora, este documento não pode
ser tido como documento oficial. E o
Ver. Juarez Pinheiro pegou bem: é uma disputa política. Agora, não pode ser uma
disputa política onde possa existir
qualquer sinal de mau-caratismo. Podemos fazer uma disputa política onde
os fatores políticos estejam presentes, mas não podemos, Ver. Juarez Pinheiro,
aprovar mentiras no texto.
Pergunto aqui a todos os
meus Companheiros: alguma vez os Senhores que me conhecem neste Plenário há
quinze anos - estou completando quinze anos de Câmara Municipal - eu agi como moleque, tive alguma ação que
pudesse ser recriminada porque teria agido com falsidade ou molecagem? Durante esses quinze anos sempre agi de
maneira decente. Posso olhar para o meu
passado e dele me orgulhar . Posso não
comungar de ideologias que a maioria, ou boa parte, do Plenário comunga, mas
jamais agi de maneira indecente. Então, aquilo que está escrito no Relatório é
mau-caratismo de quem o colocou. Realmente, quando fazemos com que esse relatório seja aprovado de maneira
açodada, colhendo votos na corrida nos gabinetes para que essa peça seja
rapidamente levada aos meios de comunicação e seja mostrada aos jornalistas
dizendo "olhem o que a Câmara pensa a respeito do Ver. Luiz Braz",
acredito que essa não seja a maneira decente de se fazer política. Essa não é a
maneira mais conveniente de se fazer política, porque querem me tirar do
jogo político de uma forma rasteira, de
uma forma vil, de uma forma covarde.
Acho que posso ser acusado
de tudo aquilo que realmente eu sou,
por tudo aquilo que faço, mas jamais vão colher em um só ato deste
Vereador alguma ação que não seja decente. Podem me acusar em relação às minhas
ideologias, aos meus posicionamentos, às vezes em relação aos meus destemperos - e
sempre pedi desculpas aos Vereadores desta Casa em relação a meus destemperos,
e tento me corrigir com relação a meus defeitos - mas, com relação a atitudes ,querem dizer que este Vereador
agiu como moleque... jamais fiz isso em minha vida, e minha vida está toda aí.
São quinze anos de Câmara Municipal para serem comprovados os meus atos.
Por isso, Sr. Presidente,
não aceito os termos deste relatório e, infelizmente, tenho que dizer mais uma
vez - agora que o Relator está no Plenário - que foi mau-caratismo, Ver. Lauro
Hagemann, o termo empregado naquele Relatório, e eu não o aceito porque, afinal
de contas, nunca agi da forma como V. Exa. exprimiu nos seus termos. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador).
O SR. PRESIDENTE: Temos o prazer de receber, conforme convite desta Casa, o Secretário
de Captação e Recurso do Município de Porto Alegre, Sr. José Eduardo Utzig e
também o Sub-Secretário José Henrique. Srs. Vereadores, a Mesa não consegue
trabalhar devido ao barulho excessivo.
Suspenderemos a Sessão por um minuto
(Suspendem-se
os trabalhos às 10h30min.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz - às 10h31min): Estão reabertos os
trabalhos.
Vamos passar a palavra ao
Secretário José Eduardo Utzig, que terá 30 minutos para expor o assunto para o
qual foi convidado a falar. Logo a seguir abriremos inscrições para nove
Vereadores, que poderão usar o tempo por uma só vez - não haverá réplica nem tréplica - ; depois o nosso
convidado poderá responder às perguntas.
O SR. JOSÉ EDUARDO UTZIG: Bom dia a todos os Vereadores; saúdo o Presidente da
Casa, Ver. Clóvis Ilgenfritz, o Ver. Paulo Brum e também os líderes de todos os
partidos aqui presentes. Em primeiro lugar, quero agradecer o convite; para nós
é sempre uma honra muito grande estar nesta Casa para prestar
esclarecimentos sobre projetos do
Executivo e de projetos que são do interesse da Cidade. Sempre que convidado,
tenho comparecido a esta Casa, e que tem sido sempre um momento e uma
oportunidade de debate e de
aperfeiçoamento dos projetos que, no âmbito do Executivo, temos encaminhado.
Fui convidado, no dia de hoje, para falar aos Srs. Vereadores sobre o Projeto
de Lei encaminhado pelo Executivo que autoriza o Governo Municipal a contratar
um financiamento com o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Gostaria, Srs. Vereadores,
antes de tecer comentários sobre o Projeto que estamos negociando com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento, que denominamos de Programa de
Desenvolvimento Municipal, de fazer um
rápido comentário sobre o esforço que nós temos feito, no âmbito do Município, para buscar recursos
adicionais dirigidos investimentos .
Como os Senhores sabem, o Município tem feito um esforço grande para
manter suas finanças em equilíbrio. E é precisamente porque nós temos
conseguido manter as nossas finanças em
equilíbrio que temos tido
condições de formular projetos destinados a organismos de financiamento para alavancar
novos investimentos.
O Município de Porto Alegre
não tem feito, e isso é importante que os Senhores tenham presente, nenhum
financiamento de curto prazo e também não tem feito nenhum financiamento
destinado a custeio. Todos os financiamentos que o Município de Porto Alegre
tem feito, nos últimos sete anos, são dirigidos para investimentos, ou seja,
para alavancar novas obras, novas realizações na Cidade. Então nós temos
conseguido manter aquilo que chamamos
um círculo virtuoso na Prefeitura de Porto Alegre, isto é, finanças
equilibradas, capacidade de manter a máquina funcionando com recursos próprios,
investimentos com recursos próprios e também a capacidade de buscarmos recursos
adicionais para incrementar, ainda mais, o investimento no Município.
Desde que a Secretaria de
Captação de Recursos foi criada, já realizamos mais de dez contratos de financiamento para o Município.
Contratos na área de habitação, na área de saneamento. Hoje mesmo os senhores
estão apreciando três novos contratos que estamos negociando com a Caixa
Econômica Federal. Tive a oportunidade
de comparecer à Comissão de Constituição de Justiça, nesta semana, para debater
esses três projetos que estão tramitando nesta Casa: um projeto para o DMAE um
projeto dirigido para a drenagem e um terceiro projeto dirigido para a área de
habitação.
Temos contratos em andamento
com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social, especialmente para a
área de transportes. Estaremos assinando ainda, neste mês, dois contratos que
reputo de grande importância: um deles destinado à construção do anexo do
Hospital de Pronto Socorro, com fundo financeiro para o desenvolvimento da
Bacia do Prata, chamado Funplata - também com esse fundo estamos contratando um
financiamento dirigido à área de habitação e a do meio ambiente -, e estamos em
fase de negociações finais com este projeto denominado Programa de
Desenvolvimento Municipal - PDM - que é um projeto em negociação com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento. Nesse Projeto, conforme consta no projeto de
lei enviado a esta Casa, há um custo total estimado em 153 milhões de
dólares, e a sua negociação começou precisamente com a idéia de o Município
executar a III Perimetral, uma obra prevista no Plano Diretor do Município,
onde vários prefeitos, ao longo do
tempo, fizeram algumas intervenções,
mas que necessita de uma intervenção mais abrangente para que seja
completada e possa ter a funcionalidade necessária prevista no Plano Diretor:
uma obra de Norte/Sul de concentração e de descentralização da cidade.
Então, a origem da nossa negociação com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento foi a Perimetral. Mas no decorrer das
negociações surgiu a possibilidade de
incluirmos novos componentes neste Programa de Desenvolvimento Municipal, de
forma que ele adquirisse uma abrangência maior, e ele recebeu essa conformação final, que tivemos a
oportunidade de informar os Srs. Vereadores, através da justificativa do
Projeto de Lei e de uma mensagem complementar que remetemos a esta Câmara
recentemente. A conformação final do Programa de Desenvolvimento Municipal que
a prefeitura negocia com o Banco Interamericano de Desenvolvimento é a
seguinte: nós temos este componente, III Perimetral, que é o componente maior,
orçado pela Prefeitura em 84 milhões de dólares, incluídos todos os custos -
depois eu vou- me deter mais intensamente nesse item da III Perimetral. Nós
incluímos, também, nesse programa, o item denominado 'Modernização
Administrativa' , que é um programa extremamente importante para tornar o
funcionamento da Prefeitura mais eficiente e mais eficaz. Esse componente de modernização
está dividido em dois grandes subcomponentes: um componente que envolve o
conjunto da Prefeitura e que contém um programa de reinformatização geral da
Prefeitura, já em andamento. Até recentemente a Prefeitura trabalhava com base
num sistema de informática centralizado, com dois grandes computadores, dois
'mainframes', localizados na Companhia de Processamento de Dados, e uma série
de terminais nas secretarias.
Nós, desde o ano passado,
estamos implantando um novo programa de informatização com a colocação de
microcomputadores com servidores locais, vinculados à PROCEMPA, portanto,
aumentando substancialmente a capacidade de trabalho da Prefeitura através da
informática, inclusive com a colocação de fibras óticas. Esse programa de
reinformatização geral da Prefeitura está articulado com uma série de outros
programas, também na área de modernização administrativa, que envolvem a
capacitação de um número substancial de funcionários e que envolve uma idéia
muito importante que é reduzir o tempo de tramitação de processos na
Prefeitura. Nós temos processos que envolvem sete, oito, secretarias, na
Prefeitura. Esses processos são demorados e geram grandes prejuízos aos
usuários, aos cidadãos desta Cidade. Nós queremos reduzir substancialmente o
tempo de tramitação desses processos.
Nós escolhemos cinco
processos prioritários e estamos tratando de reduzi-los com base na
informática, na capacitação de funcionários e na simplificação dos processos.
Esse, então, é um programa de Modernização Administrativa. Faz parte desse
programa, como um segundo subcomponente, um programa de melhoria do
funcionamento de toda parte tributária e fiscal para melhorar o nosso controle
da arrecadação e o nosso controle do gasto na Prefeitura. Então, esse é um
componente de Modernização Administrativa que está orçado em 13 milhões e 300 mil dólares. Há um terceiro componente, denominado
de Fortalecimento Institucional; que inclui cinco ações destinadas a melhorar
processos específicos dentro da Prefeitura.
O primeiro, é um projeto de
reforço e capacitação institucional da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Nós estamos fazendo um conjunto
de intervenções na Cidade que cada vez mais demandam controle ambiental. Hoje,
qualquer obra importante na Cidade, no Estado e no País, demanda processo de licenciamento e acompanhamento
ambiental, é necessário que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente se capacite
para exercer melhor essa função. Então, nós destinamos um programa específico
de 800 mil dólares para a capacitação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Nós temos um programa de
segurança no trânsito, que é extremamente importante, pois se sabe que nas
grandes cidades do Brasil, à medida que se intensifica o uso do automóvel, do transporte coletivo,
os conflitos se aguçam entre esses dois
meios de transporte e pedestres, gerando um grande número de acidentes. A
Prefeitura de Porto Alegre já vem implementando um programa de segurança
viária, mas nós queremos ampliá-lo e qualificá-lo. Previmos um recurso de 2 milhões
e 600 mil dólares, que inclui diagnóstico e um conjunto de ações de
melhoria de segurança viária na Cidade.
Há um programa também que visa
gerenciar pavimentos, que inclui melhoria substancial de todo o
gerenciamento de conservação viária na Cidade, a qual já tem sofrido melhorias importantes, mas ainda é um programa que
funciona muito com base na observação empírica da Secretaria, ou seja, surge um
buraco na Cidade, faz-se a conservação. Hoje, modernamente, toda a conservação
viária é feita com muito mais eficiência, é muito mais otimizada quando se possui um cadastro viário com
memória técnica detalhada da situação de pavimentos na Cidade, passando a
conservação a ser feita preventivamente.
Nós temos um programa
previsto para ser executado também pela Secretaria Municipal de Obras e Viação,
no contexto desse programa do BID, que
está orçado em 850 mil dólares. Temos, finalmente, a idéia de realizar um plano
diretor cicloviário. Há um debate grande, esta Casa mesmo tem sido palco de discussões fortes sobre esse tema que é
extremamente interessante e atual, mas também é complexo porque, como sabemos,
a implantação de ciclovias em zonas urbanizadas aumenta esse conflito o qual me referi anteriormente, importante
portanto, que nós tenhamos, na Cidade, um planejamento, o estabelecimento de
uma hierarquia e a identificação dos locais adequados para a execução de
ciclovia.
Nós previmos um recurso
relativamente pequeno, de 300 mil dólares,
que vai-nos possibilitar um
plano diretor cicloviário que oriente a ação do Município para que nós tenhamos
condições de ter um número maior de ciclovias, e elas bem inseridas na malha
urbana da Cidade. Esse é o programa de fortalecimento institucional, que é o
terceiro componente.
Eu estava esquecendo, mas
nós temos, ainda - o meu secretário, José Henrique Fernandes me lembra -, um programa de fortalecimento
institucional do DMAE, de melhoria do seu funcionamento, de 700 mil dólares.
Temos, por fim, um quarto
componente no programa de desenvolvimento municipal, que é o de pavimentação comunitária. É um componente
orçado em 21 milhões de dólares, chamado pelo BID de "obras
múltiplas", em que fica previsto um recurso - neste caso, de 21 milhões de
dólares - para a obra ser executada em cinco anos, que é o tempo de execução
desse programa como um todo. As obras de pavimentação e drenagem nas vilas e
bairros da Cidade serão definidas, anualmente, no próprio orçamento do
Município, através do nosso Plano de Investimentos. Essas são obras que o
Município vem fazendo ao longo do tempo, e que nós tivemos oportunidade de
continuar realizando com recursos adicionais do Banco Interamericano de
Desenvolvimento.
O componente que está
faltando eu detalhar é aquele que
talvez os Senhores conheçam mais, porque ele tem sido mais divulgado: a III Perimetral.
Todos conhecem a importância dessa obra. Não creio ser necessário deter-me mais
longamente em torno dela, mas eu apenas queria fazer uma breve consideração,
porque essa obra, na medida em que fomos desenvolvendo os estudos, adquiriu uma
característica substancialmente distinta daquela que nós prevíamos
originalmente. O que estava previsto no Plano Diretor era a realização de uma
obra viária que sai do Laçador, passa pelo binário da Ceará, Souza Reis,
Pereira Franco, sobe a D. Pedro, continua pela Augusto Meyer, Carlos Gomes,
Tarso Dutra, Salvador França, Aparício Borges, Teresópolis, desembocando na
Nonoai. É uma obra de 12,5km. O que está previsto no Plano Diretor é o
alargamento dessa via ao longo de todo este trecho, na maioria dele com três pistas
de cada lado e alguns com duas. Nós contratamos uma série de estudos,
envolvendo, em primeiro lugar, a definição da concepção que esta via tem que
ter, estudos de viabilidade econômica e
impacto ambiental. É a primeira obra urbana em Porto Alegre que conta
com estudo completo de impacto ambiental, benefícios e problemas que causa,
inclusive com medidas compensatórias que vão ser executadas em conjunto com a
obra.
Esta obra é hoje mais do que
uma obra viária. Decidimos, após estudos que realizamos, inserir no contexto
desta via um corredor exclusivo de transporte coletivo. Ao longo da Perimetral,
saindo do Laçador até a Teresópolis, teremos um corredor exclusivo de
transporte coletivo que vai fazer a
integração com todas as radiais que cortam a Perimetral. Em cada uma dessas
radiais, quando cruzam com a Perimetral, haverá uma estação de transbordo, de
modo que os passageiros do transporte coletivo que utilizam as radiais, ou
aqueles que vão utilizar, no futuro, a Perimetral, poderão fazer um deslocamento
muito mais ágil, inclusive com integração tarifária, sem passar pelo centro da
Cidade.
Com isso, os Senhores
percebem que estamos transformando esta via em uma obra que vai melhorar,
substancialmente, o trânsito, vai melhorar o transporte coletivo, e vai dar uma
grande contribuição para descentralizar, reorganizar urbanisticamente a Cidade
de Porto Alegre. Por isso, é uma obra cara para o Município, que nós jamais
teríamos condições de executar com recursos próprios. Foi necessário, então,
alavancar um financiamento para o Município adquirir condições de executá-la nesse prazo que está previsto.
É uma obra que inclui
diversas obras de arte especiais. Teremos, no cruzamento com a Benjamin
Constant dois viadutos, um na direção Dom Pedro-Aeroporto e outro na direção
Aeroporto-Dom Pedro.
Teremos um viaduto também no
cruzamento da Nilo Peçanha/Carlos Gomes. Teremos uma obra de arte grande no
cruzamento da Protásio Alves/Carlos Gomes, ali na rótula, que é, na verdade, um
sistema que estava previsto para ser um túnel e que nós transformamos numa
trincheira, com várias pontes que
cruzam por cima, no sentido Protásio Alves; da Perimetral, passa por baixo, e
por cima nós teremos um sistema de pontes, que é uma obra de arte toda ela
concebida de uma maneira distinta, justamente para assegurar duas coisas que
eram fundamentais: achamos que deveríamos fazer uma obra de arte mais leve do
que aquelas que geralmente são feitas, inclusive com iluminação natural, e para possibilitar que os pedestres tenham
um cruzamento livre. Essa obra de arte vai ser feita sem que haja nenhum
conflito de pedestres com automóveis, ou com transporte coletivo. É uma obra
muito bem resolvida.
Teremos, em um curto espaço
de tempo, tudo isso demonstrado em maquetes que estarão à disposição do
público, especialmente dos Srs. Vereadores, para que tenham conhecimento do
conjunto da obra com todas as obras de artes que serão executadas.
E teremos, também, uma ponte
adicional no cruzamento com a Ipiranga,
justamente para viabilizar o corredor exclusivo de transporte coletivo. Todas
as demais intersecções tiveram um estudo detalhado. Para executar a Perimetral,
as vias ficarão desencontradas, e teremos no meio, passando entre as duas
pontes, o corredor exclusivo de transporte coletivo. Para isso, vai ser
necessário fazer uma terceira ponte, de ida e
volta, e uma exclusiva para o
transporte coletivo nos dois sentidos.
O Ver. Nedel pergunta por
que não vai ali um viaduto. Essa pergunta pode ser feita com relação à Ipiranga
e vários outros cruzamentos. Nas dezessete principais conecções da
Perimetral nós fizemos estudos técnicos absolutamente detalhados. Chegamos, em
alguns casos, a analisar dez alternativas distintas de soluções daquelas interconecções. Todos esses estudos levam em
conta, pelo menos, dois fatores: técnico- tem que ser tecnicamente viável- e
ter retorno econômico-financeiro. Ou
seja, a solução tem que ter um retorno econômico-financeiro adequado , tem que ser uma solução de mínimo custo ,e
que tenha o menor custo econômico, o
que não quer dizer o menor custo financeiro, porque, eventualmente, uma obra
pode custar menos que a outra, mas ter um custo financeiro maior, porque ela
tem menos benefícios. Então, todas as
soluções que adotamos na Perimetral são as soluções tecnicamente, economicamente
e financeiramente as mais adequadas. Todas as decisões que tomamos foram
orientadas por esse critério, de natureza eminentemente técnicas, e é por isso
que resolvemos fazer obras de arte nessas interseções que citei.
Também decidimos outras
soluções para os outros lugares, inclusive para a Av. Ipiranga. A solução que
encontramos pode ser demonstrada que é adequada, que comporta o trânsito
existente e que vai funcionar no contexto da Perimetral. Isso vale para a Av.
Ipiranga e para as demais.
Essa é a idéia do conjunto
do projeto que, como eu disse, está orçado em 153 milhões de dólares e deverá
ser executado em 5 anos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento financiará
50% do custo da obra, a contrapartida do previsto do Município é de 50%,
mas já antecipo aos senhores que a
contrapartida do Município será co-financiada, ou seja, teremos a participação
de um terceiro agente financeiro: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social, que deverá financiar cerca de 25 milhões do custo dessa obras.
A obra está prevista para ser executada em 5 anos. Durante o prazo
de carência, os cinco anos, nós pagaremos apenas os juros da operação e
deveremos amortizá-la em mais 20 anos, ou seja, o município pagará esse dinheiro
que está tomando em 25 anos. Há um custo do dinheiro internacional que fica em
torno de 6,5% ou 7% de juros ao ano; isso será definido no momento da
contratação.
Como os senhores podem ver, trata-se de um financiamento confortável
para o Município: será um prazo longo para pagar, e não há no Brasil dinheiro
com esse custo do dinheiro, nem volume
de recursos compatíveis com a situação
financeira do Município que,
complementado com os recursos do BNDS, vá permitir uma situação confortável
para o município em termos financeiros.
Nós teremos uma equação de
153 milhões de dólares, o BID comparecendo com 77 milhões, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico comparecendo com 25 milhões, o que dá,
aproximadamente, 100 milhões, e o Município comparecendo, então, com os 50
milhões restantes.
A partir deste mês de
outubro, estaremos colocando em funcionamento um escritório que se dedicará
exclusivamente à temática das desapropriações, da negociação com os
proprietários que possuem áreas que serão atingidas pela via. Estamos preparando um sistema especial de execução desta obra,
que é de grande porte, grande volume, e tem que ser muito bem executada para
não prejudicar mais do que já será inevitável o funcionamento da Cidade, para
que ela continue mantendo a funcionalidade daquela região.
Penso que o conjunto deste
programa de obras e de intervenções é extremamente importante para qualificar a
infra-estrutura do Município e para melhorar o funcionamento em todos os
sentidos: no sentido de mais qualidade; no tratamento dos cidadãos; na
melhora da arrecadação; e no controle mais eficiente dos gastos.
Era isso que eu tinha a
dizer. Quero agradecer o convite e me colocar à disposição para responder
qualquer questionamento dos Senhores e Senhoras Vereadoras. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa tem a satisfação de registrar a presença do Vereador de
Encruzilhada do Sul Francisco Silveira, do PMDB.
O Ver. Luiz Braz está com a
palavra.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr. Secretário Utzig, Srs. Vereadores, se fosse levar
a legislação de maneira correta, eu deveria ser coibido de votar qualquer
projeto alusivo a III Perimetral, porque sou beneficiado direto: moro ali na
III Perimetral e vejo que existe, a
esta altura dos acontecimentos, uma certa preocupação por parte de todos
aqueles que moram no transcurso da III Perimetral
pela demora da obra. O pessoal quer ver essa obra começar imediatamente.
E uma das preocupações é com o setor de desapropriação. Vemos que essa III
Perimetral passará por determinados trechos extremamente valorizados da
Cidade que deverão ser objeto de
desapropriação, como é o caso da Av. Carlos Gomes.
Também quando da confluência
dos bairros Glória e Teresópolis, não
sei a qual trajeto essa perimetral obedecerá, pois essas vias têm uma
comunicação dificultada, mas se é o trajeto que se prevê - já que não vi os
mapas -, acredito que também teremos algumas desapropriações que, devido a
pouca valorização da área, não custarão tanto quanto as da Carlos Gomes.
De acordo com a declaração
do Sr. Secretário, essa obra deverá custar
cerca de cento e cinqüenta milhões.
O SR. EDUARDO UTZIG: Essa obra, não; o conjunto do programa.
O SR. LUIZ BRAZ: Pergunto qual é o percentual
desses cento e cinqüenta milhões que está reservado para as desapropriações, já
que o Sr. Secretário disse que algumas negociações estão sendo iniciadas agora,
havendo uma previsão mas não uma certeza com relação a esse montante.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Sr.
Secretário. A minha Bancada e a Vera. Sônia Santos, antes mesmo que o
Projeto estivesse em Pauta, já o
estudávamos e encontramos algumas
deficiências que, em parte, a Prefeitura agora veio a sanar. Nós não tínhamos como
saber o que era o Programa de Desenvolvimento Municipal citado na própria
Lei. Verificamos, então, que agora vem
o esclarecimento dizendo onde serão
colocados os recursos, como serão parcelados e não apenas aquela informação
sucinta de que os cento e cinqüenta e três milhões de dólares seriam aplicados
no sistema viário, terceira perimetral, pavimentação comunitária, modernização
administrativa e fortalecimento institucional.
Em 1991, a Prefeitura mandou
um projeto de lei pedindo autorização para fazer um financiamento de três
bilhões de cruzeiros que, talvez, fossem dois ou três milhões de dólares, mas
foi muito bem encaminhado e eu até votei contrariamente, porque entendo que
pavimentação comunitária se faz com recursos próprios da Prefeitura, não se
devem envolver administrações que vêm
depois. A única obra grande que havia
ali era a Antônio de Carvalho, mesmo assim o art. 2º dizia que o produto do
empréstimo seria aplicado em obras de pavimentação comunitária nas Regiões
Norte, Leste, Grande Cruzeiro, Grande Partenon e Lomba do Pinheiro. Também naquele processo de 1991 explicitava como
seria feita a operação de crédito: "Autorizado por esta Lei, será
contratado, dentro das condições tais e diretrizes baixadas pelo Conselho
Curador, prazo de amortização de
duzentos e dezesseis meses, juros de doze por cento, taxa de risco de crédito
de um por cento, contrapartida mínima do Município de dez por cento do valor do
financiamento".
O projeto que chega a nós
para discutir, de cento e cinqüenta e três milhões de dólares, só diz na
exposição de motivos como se fará o ressarcimento do empréstimo, mas não diz na
Lei. É importante que seja colocado na
Lei o que está na Exposição de Motivos para que depois se possa cobrar, porque
a Exposição de Motivos não se cobra; a
Lei, sim.
Eu continuo pensando
que uma Prefeitura que, em 1995, teve um superavit de dez
milhões de reais e, em 1996, declarou
seis milhões de reais, quando o
Secretário me informava verbalmente que seria de quinze ou dezoito, e, de repente,
quimicamente, ou contabilmente, apareceu só seis, tem que colocar na Lei isso.
A palavra, para mim, vale
mais do que documentos, e o Secretário
Arno Hugo me disse, e eu acreditei nele. Não tenho por que duvidar dele porque
ele é muito positivo. Penso que pavimentação comunitária deveria ser resolvida
através dos recursos próprios da Prefeitura, que são muitos. E até aqui nesse
Processo de 91, eu ficava abismado,
fazer um financiamento para fazer trecho de 80, 120, 90 metros. Não me parece
que seja o caminho mais correto endividar a Prefeitura para as próximas
administrações, fazendo pavimentação comunitária, quanto a Prefeitura tem
muitos recursos. Tenho toda a tranqüilidade de dizer porque analiso o balanço:
a Prefeitura já está arrecadando, no mês de julho, bem mais do que seria
normal, e, a partir de julho, a arrecadação vai crescer em alguns setores.
Tenho impressão de que melhorou com a
Mensagem Aditiva, mas deveriam ser colocadas no Projeto de Lei as condições de
ressarcimento porque isso é o comum. Mas isso a bancada do PT poderá fazer por
emendas sem nenhuma dúvida ou contrariedade. Fica a minha dificuldade de
entender os 21 milhões de pavimentação comunitária sem que saibamos onde, até
porque esta Câmara aprovou no ano passado uma lei determinando que as obras
feitas através do Orçamento Participativo fosse encaminhada à Câmara até o dia
primeiro de novembro. O Prefeito não fez isso, e parece que continua não
querendo fazer nos próximos anos. Deixo a minha inconformidade com os 21
milhões para a pavimentação comunitária e também estranho que quando falavam em
terceira perimetral, que sem dúvida nenhuma é a obra mais importante do sistema
viário da Cidade, falavam em muito mais milhões de dólares do que os 85
milhões.
De qualquer forma, a minha Bancada vai dar apoio e procurar
melhorar o Projeto para que, o mais
rápido possível, possa a Prefeitura começar as obras que a Cidade por tanto
tempo anseia, não esquecendo que a Terceira Perimetral já está aberta em toda a sua extensão, mas não na sua
plenitude. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa passa a palavra ao Sr. Secretário.
O SR. JOSÉ EDUARDO UTZIG: Agradeço as palavras dos Srs. Vereadores e as recebo
como uma contribuição ao debate e ao aperfeiçoamento do Projeto que tramita
nesta Casa.
Eu compartilho com o Ver. Luiz Braz uma certa ansiedade que nós
sabemos que os moradores e proprietários de todo o trajeto da Perimetral estão
tendo neste momento. Nós teremos a execução de uma grande obra viária que vai afetar
substancialmente, durante a sua fase de execução e após, toda a área de
interferência da Perimetral, que é bastante grande, ela corta a cidade de um
lado para o outro. É justamente por isso que nós tomamos a iniciativa de constituir um escritório que
vai cuidar exclusivamente deste tema. Esse escritório passa a funcionar a
partir do mês de outubro.
Além disso, já fizemos, ao
longo do estudo de impacto ambiental, várias reuniões com as Associações de
Moradores ao longo da via. No dia 30 de setembro, nós teremos uma audiência
pública, para discutir o impacto dessa via naquela região da Cidade. E esse
Escritório de Desapropriações vai iniciar conversas com todos os moradores
daquela área, ele está preparado para isso.
Nós temos, efetivamente, um número grande de desapropriações, mas
tomamos o cuidado de estar, agora, neste momento, com todo o cadastro pronto.
Já temos o cadastro de todas as áreas que serão desapropriadas, inclusive, já,
em fase de descrição. Isto é, o que vai ser desapropriado, qual o tamanho e
fazendo a estimativa do custo. É claro que o custo é uma questão variável,
depende da negociação que nós vamos fazer com cada um dos proprietários. A Perimetral tem um custo estimado entre 95
e 97 milhões, fazendo a conversão do dólar para o real. Nós estimamos que
aproximadamente 30% deste custo vai ser destinado a desapropriações. Esta é a
ordem de grandeza com que nós estamos trabalhando. O projeto executivo de
engenharia, que está pronto, e o projeto arquitetônico das obras de arte, o
projeto arquitetônico do corredor de ônibus, os projetos complementares de
drenagem, remoção de rede d'água,
esgoto, sinalização e iluminação
estão praticamente prontos, 98% pronto.
Esse custo está em nível de projeto executivo e temos segurança com relação a esse
valor. O custo da desapropriação vai depender das negociações. Prevemos que vai
haver um grande interesse dos
proprietários pelos índices construtivos na medida em que aquela obra vai
valorizar imensamente aquela área. Essa
moeda é de grande interesse neste momento,
e o Município pretende utilizá-la devidamente. O Escritório de
Desapropriação também vai cuidar dessa parte. Todos os impactos importantes da
obra, não somente estão previstos, como também já existe uma solução pensada para cada um deles. Algumas famílias
terão que ser removidas e no cruzamento entre a Av. Ipiranga e a Av. Bento
Gonçalves, na Salvador França, no lado direito, uma parte daquela vila será
atingida pela obra. Já iniciou um plano de reassentamento daquelas famílias
praticamente em nível de projeto executivo. Já iniciaram um trabalho de
diálogos e de construção social para aquelas famílias. Isso vale para todos os
principais conflitos ao longo da Perimetral
A execução desse projeto foi
relativamente demorada. Estamos trabalhando em nível de projeto há um ano e
meio, cerca de 18, 19 meses. Agora, tomamos todos os cuidados, tais como:
impacto ambiental, urbano, encontrar boas soluções viárias, diálogo grande
com todos os atores envolvidos, busca
de soluções, previsão de custos. Nesse custo de noventa e cinco
milhões de reais estão previstos, por exemplo, intervenções de mitigação do
impacto ambiental. Por exemplo, vamos derrubar árvores porque vamos alargar,
mas plantaremos árvores em número superior ao existente. Então, todos os
impactos negativos da obra serão minimizados e compensados por medidas
adicionais da Prefeitura.
O ilustre Ver. João Dib,
nosso Ex-Prefeito, faz uma série de observações. Eu já tive a oportunidade de
conversar com o Vereador na terça-feira, quando vim aqui discutir sobre os
projetos que negociamos atualmente com a Caixa Econômica Federal de Habitação
Saneamento e Drenagem, e, após essa conversa, eu sugeri ao Prefeito que
remetesse uma mensagem complementar. Eu faço questão de registrar: a Perimetral
é uma obra que vem sendo executada ao longo do tempo, é uma obra já feita na
Cidade numa fase preliminar; e a nós compete concluí-la. Na mensagem que
mandamos, não enviamos um detalhamento dos custos de cada um dos componentes e
não está, no projeto, o detalhamento das condições, prazo, período de carência,
custos. Eu estou trabalhando nessa área de captação de recursos há três anos,
nós já remetemos diversos projetos para esta Casa. Eu queria passar a V.Exas.
uma informação que o ilustre Ver. Dib, certamente, sabe e outros Vereadores,
que já foram Prefeito ou Secretário, seguramente, também sabem. Quando estamos
negociando um financiamento com uma agência de financiamento, a fase de
negociação sofre ao longo do tempo inúmeros ajustes. Aliás, um projeto sofre ajustes
na fase de execução, não há projeto executado em lugar nenhum do mundo que não
tenha sido ajustado na fase de execução. Portanto, é perfeitamente possível que
este quadro que mandei para V.Exas. que diz que a Perimetral vai custar 85
milhões de dólares, ao final esta obre custe não 85 milhões de dólares, custe
87 milhões de dólares, 90 milhões de dólares. Se esta Casa aprova que custe 85
milhões de dólares, qualquer modificação ficará inviabilizada porque não terá
autorização legal.
Eu já tomei a iniciativa, em
dois projetos importantes da Prefeitura, de remeter numa fase preliminar um
projeto de lei, para, justamente, dar mais tempo para esta Casa para o debate.
Fiz isso em relação ao Projeto do Hospital de Pronto Socorro, que vamos assinar
nesse mês, e fiz isso em relação ao projeto do Corredor Norte-Nordeste, que nós
negociamos com o BNDS, ou seja, coloquei na lei o conjunto das condições . Esta
Casa votou, no ano passado isso, e tive que remeter, posteriormente, um novo
projeto de lei nos dois casos, porque houve pequenas mudanças ao final das
negociações com o agente financiador. Por exemplo: o prazo não vai mais ser de
8 anos, vai ser de 9, ou vai ser de 9 não mais de 8. Se eu coloco na lei as
condições, eu não tenho mais flexibilidade para fazer essas pequenas mudanças.
Se V. Exas. observarem, todos os projetos de lei
que foram aprovados na Assembléia Legislativa neste ano e no ano passado,
autorizando o Governo do Estado a contratar financiamentos, em nenhum deles
constam as condições. Eu examinei os projetos de lei que são votados no Brasil
inteiro, em nenhum deles constam as condições. Precisamente porque há esta fase
de ajuste na negociação. Esta é a razão exclusiva pela qual nós não colocamos.
Não há nenhum interesse, da parte do
Município em fazer negociações que não sejam conhecidas pelos Srs. Vereadores.
Inclusive por isso eu tomei o cuidado de colocar na justificativa. Se
observarmos os que são votados em outros lugares, na justificativa não consta
nada sobre as condições, apenas diz o seguinte: "Serão contratados de
acordo com as condições do órgão financiador", fim. Nós tomamos o cuidado
de colocar todas as condições que estão sendo negociadas atualmente.
Eu só queria fazer este
alerta para que os Vereadores tomem cuidado, porque, dependendo de como a lei
seja votada, estamos numa fase praticamente de contratação, se esta Câmara vota
uma lei que amarra as condições todas, e eu, eventualmente, na fase de
negociação final, tenha que mudar alguma delas, por exemplo, o juro - o juro
que eu coloquei na justificativa é o do primeiro semestre de 97, porque este
juro é redefinido semestralmente pelo agente financiador - se eu coloco um juro
de 6,89 - que foi o do primeiro semestre - e o juro passa a ser de 6,90 eu não
posso contratar o financiamento, porque a autorização que a Câmara está me
dando é de contratar um juro de 6,89. Por isso creio que é importante que neste
caso o projeto fique como está, é uma flexibilidade pequena, todos que conhecem
sabem disso, o Município pode informar permanentemente a Casa dessas condições,
e fica um processo absolutamente transparente.
Finalizo, com o tema da
pavimentação comunitária que o Ver. João Dib oportunamente abordou e sei que é
preocupação de outros Vereadores. Queria chamar a atenção dos Vereadores para
dois aspectos: primeiro, que me parece extremamente importante, nós estamos
discutindo com V. Exas. um projeto de 153 milhões de dólares. Este projeto
inclui grandes obras e inclui obras de menor porte porque há aí, e é importante
chamar a atenção para isso, uma quantidade importante de recursos próprios do
Município; não estamos falando de um projeto de 153 milhões de dólares que vai ser 100% financiado por um organismo
exterior. Estamos falando de um projeto que vai ser financiado parte por um
organismo exterior e parte com recursos próprios do Município, e uma parte
substancial.
O município de Porto Alegre
tem uma situação de equilíbrio, não tem sobra de dinheiro. E tem conseguido
isso porque tem sido administrado austeramente.
A equação financeira do programa
necessita que obras ordinárias do Município sejam incluídas, porque vamos ter
uma parcela importante de recursos próprios que vão estar comprometidos nesse
projeto.
Se forem contratados só
Prefeitura e BID, é 77 milhões para a Prefeitura e 77 milhões para o BID. É
muito dinheiro da parte do Município. Se, efetivamente, acontecer o que estamos
programando, com a participação do BNDS, teremos um aporte adicional do
BNDS na faixa de 25 a 30 milhões. O
Município, portanto, vai aportar 50 milhões de dólares, o que é muito
dinheiro para o Município, também.
É importante que consigamos
fazer essa mescla de grandes obras, da importância da Perimetral, com
obras de porte menor, para, justamente,
o Município conseguir manter uma situação de administração do seu caixa.
Outro aspecto importante é
que tomamos o cuidado de, para as obras de pavimentação comunitária, evitar o
que o Ver. João Dib oportunamente colocou, uma excessiva fragmentação.
Colocamos critérios de forma que as obras de pavimentação que farão parte desse
projeto serão obras de porte maior. Neste primeiro ano, teríamos obras acima de
250m apenas. A partir do ano que vem,
teríamos obras a partir de 500m. Isso é importante porque, também, estamos
pretendendo ganhar escala com essas
obras e reduzir custos do Município, na medida em que se faz trechos maiores,
se consegue otimizar as obras de drenagem.
As obras de pavimentação
comunitária se justificam por essas duas razões: são obras extremamente
importantes em zonas de grande carência na Cidade, o Município precisa fazer,
são demandas da comunidade. Foram
incluídas justamente no contexto onde parte dos recursos são municipais e, além disso, são obras de
pavimentação comunitária de porte maior, de forma que vamos ter uma
fragmentação bem menor do a que foi mencionada aqui.
Todo o projeto foi
construído num contexto de otimizar os investimentos do Município num contexto
de fazer uma adequada engenharia financeira do projeto, que é muito importante:
equilibrar obras de grande porte e obras que o Município faz ordinariamente.
Isso é muito importante, inclusive para os Prefeitos futuros. Queria dar uns dados a V. Exas. Temos tido um enorme cuidado no
endividamento do Município. Por isso, só temos feito endividamento de longo
prazo com dinheiro de custo baixo. O Município não tem feito nenhuma captação
de recurso de curto prazo e dinheiro de custo alto. Isso tem permitido gastar
com serviço da dívida algo em torno de 1,5% do Orçamento do Município. No ano,
contratados todos os financiamentos que temos contratados, inclusive aqueles que estamos prevendo
contratar até o final do ano, estão incluídos este e mais um com o BNDS,
Portanto uma soma importante de recursos. O Município não vai, no ano de maior
comprometimento gastar mais do 2,5% do seu orçamento com serviço da dívida.
Isso é uma situação que praticamente não existe no Brasil e é extremamente
confortável.
Os senhores tenham certeza
de que essas obras e esse financiamento é importante para este momento e que
não traz nenhum comprometimento futuro para o Município. É responsável, sério e
equilibrado financeiramente. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Solicitamos ao Ver. Guilherme Barbosa que assuma a presidência dos
trabalhos, por alguns minutos, porque precisamos nos ausentar para assinar um
contrato de reforma dos gabinetes e sanitários da Casa.
(O Ver. Guilherme Barbosa
assume a presidência.)
O SR. PRESIDENTE (Guilherme
Barbosa.): Passamos
a palavra para o Ver. Adeli Sell.
O SR. ADELI SELL: Meu caro Secretário Utzig gostaria de cumprimentá-lo pela competência e
presteza como nos trouxe o adendo ao
Projeto de Lei, que era uma reivindicação de vários Vereadores da Casa. Prestei
atenção na sua explanação e vejo importante investimento na área da modernização
administrativa de nosso Município. Vejo que o Projeto de Lei prevê um
empréstimo de treze milhões e trezentos mil dólares na modernização
administrativa tecnológica e processual e a modernização da gestão fiscal e
tributária. Eu gostaria que Vossa Senhoria detalhasse um pouco mais esse tipo de
investimento e, particularmente,
naquilo que considero um dos maiores patrimônios de uma Administração
que é o seu funcionalismo público. O senhor já explicou que será feito um
investimento importante na área da
automatização, o que é indispensável para o trâmite de todas as questões que
dizem respeito à municipalidade, mas
nós precisamos de seres humanos, funcionários, pessoas para agirem sobre esse processo de modernização,
portanto, recursos humanos. Como esse
Projeto e como a Administração pretende trabalhar o potencial humano que tem a
Administração Municipal de Porto Alegre?
O SR. PRESIDENTE: Eu proponho que façamos uma
bateria de três intervenções dos
Vereadores para que depois o
Secretário responda. Na seqüência,
então, ouviremos o Ver. João Carlos Nedel.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Secretário, estou preocupado com um ponto da Perimetral
que é justamente o viaduto ou ponte na Salvador França com Ipiranga. Acho que,
se for ponte, sem dúvida, vai trancar o trânsito na Av. Ipiranga. Tenho
algumas informações, que não sei se são verdadeiras, por isso lhe pergunto e vou ser bem objetivo. A
primeira informação é que o valor do
investimento na Perimetral foi reduzido para sobrar verba para os outros itens do programa, é a informação que
tenho. Nesta redução, foi trocado o viaduto por uma ponte,
porque o valor de investimento é bem
menor. A segunda informação é que foi
trocado o viaduto pela ponte, porque o
Município tem um planejamento futuro de construir uma elevada sobre o
arroio Dilúvio ao longo da Av. Ipiranga. Pergunto também, tenho esta outra
informação de que, essa ponte vai obrigar a realizar uma desapropriação no
terreno da MUMU (Vontobel), prejudicando substancialmente essa empresa.
O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o Ver. Antônio
Losada.
O SR. ANTÔNIIO LOSADA: Sr. Secretário Utzig, nós tínhamos uma preocupação
com uma parte da Vila São Pedro, se seria atingida ou não. De certa forma o
Senhor já respondeu que estão sendo feitos contatos e está para ser resolvida
qual a parte da São Pedro que será atingida. É uma preocupação daquela
comunidade e eu estava curioso para obter uma resposta.
Com relação à pavimentação
comunitária, onde são destinados 21 milhões, é uma preocupação muito justa de
paralelamente a uma obra do porte desta III Perimetral que se aproveite também
esse programa, esses recursos para se incentivar a pavimentação comunitária. Em
Porto Alegre temos, mais ou menos, 500 quilômetros de chão batido, entre becos, ruas acessos, estradas. A minha
pergunta - e de certa forma o Senhor já fez alguns comentários - é sobre a
preocupação dessa extensão no que diz
respeito à conservação desses 500 quilômetros, seja através de patrolagem ou
com aquela camada de asfalto de 7 cm.
que se faz para evitar o barro, o buraco e a poeira.
O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o Sr. Secretário.
O SR. JOSÉ EDUARDO UTZIG: Relativamente à questão que o Ver. Adeli Sell
coloca, nós tivemos no âmbito deste programa justamente essa preocupação. Tem
sido muito comum que os programas de financiamento buscados pelos municípios e
estados preocupem-se exclusivamente com investimento em obras, quando é
extremamente importante que os municípios se preocupem cada vez mais com a qualificação e com a
melhoria de processos na administração pública. Nós, ao longo do tempo em que
estamos no governo, temos feito várias ações nesse sentido, mas, seguramente,
este é o programa mais abrangente de modernização administrativa e de
qualificação de pessoal que nós vamos fazer no último período do governo. Este
programa é importante não apenas porque vamos fazê-lo com recursos externos,
mas porque esse diálogo com essas agências internacionais tem-nos permitido
também tomar contato com um know how
extremamente importante de administração pública, com especialistas que
conhecem o funcionamento da administração pública em vários lugares diferentes,
inclusive da América Latina e do mundo.
É por isso que nós previmos, no contexto desse programa, um
programa de modernização. Para que os
Srs. tenham uma idéia, nós estamos prevendo o treinamento de cinco mil funcionários da Administração
Municipal ao longo da execução do programa de Desenvolvimento Municipal, não
apenas na área da informática mas em gerenciamento de projetos, em qualificação
técnica. São vários cursos diferentes que estão previstos. Nós pretendemos
melhorar tecnologicamente a Prefeitura, através da mudança do padrão de
informatização da Prefeitura e também através da qualificação profissional dos
nossos servidores que, sem dúvida, são um patrimônio essencial para quem deseja
administrar adequadamente.
Com relação à questão
colocada pelo Ver. João Carlos Nedel, eu posso assegurar a V. Exa. que não
houve nenhuma redução de custos da Perimetral para transferir recursos para
outras obras. A Perimetral custa o que ela tinha que custar, do ponto de vista
das soluções técnicas adotadas. Não houve nenhuma decisão política tomada pela
Prefeitura para reduzir custos, absolutamente. Quero ressaltar que jamais foi
cogitada a idéia de se fazer um viaduto sobre a Av. Ipiranga, que depois se
deixou para se fazer uma ponte. Nunca houve isso. O que houve desde o início na
Ipiranga foi que, quando decidimos fazer o corredor de ônibus - nós não
faríamos a terceira ponte - imediatamente se impôs essa solução técnica. A solução
técnica que está sendo adotada na confluência da Ipiranga com a Perimetral não
é uma solução que inclui exclusivamente uma ponte, é toda uma solução, com a
construção de rótulas, de várias saídas laterais; na verdade, é um sistema de
solução viária que foi adotado ali, de forma que, eu afirmar com segurança,
todas decisões que nós tomamos para decidir se deveria ter viaduto ou não, por
exemplo, é uma decisão onde se faz uma simulação de natureza técnica, isto é,
se faz o carregamento atual do sistema viário, se projeta um carregamento
futuro em função da demanda e verifica-se qual é o impacto que esse
carregamento dá naquela solução que se está adotando. E, a partir daí, se
verifica se aquela solução é compatível
com os níveis adequados de serviço. Ela é eminentemente técnica.
Gostaria de convidar os Srs.
Vereadores a conhecer mais no detalhe essas soluções, inclusive, posso mostrar
solução por solução, embora não seja engenheiro, mas como acompanhei todos os
procedimentos adotados uma por umas das soluções, posso mostrar, do ponto de
vista técnico, como foi feito isso, isto é, pega-se o carregamento atual do
sistema e pega-se o carregamento futuro e começa simular alternativas. E a
alternativa tecnicamente mais adequada foi a utilizada e cotejada com custo
econômico-financeiro, que é aquele que gera mais benefício no tempo. Então
posso lhe assegurar que essa informação que lhe foi passada não procede, não
fizemos nenhuma redução de custo na perimetral. Ela custa o que deve custar.
Eu desconheço essa solução
de uma elevada futura atingindo a empresa Mumu, não tive informação sobre ela e
suponho que ela não esteja sendo estudada na Prefeitura, atualmente.
Em relação ao Ver. Antônio
Losada, compartilho inteiramente da sua preocupação com a questão daquelas famílias,
pois eu disse que nós tivemos uma preocupação com todos os impactos, e o maior
impacto de uma obra urbana, embora haja, também, um impacto ambiental sobre
árvores e residências, é sobre as pessoas que vivem naquela área de
abrangência. E não há ninguém mais atingido do que a pessoa que mora ali e que
vai ser removida. E por isso nós fizemos um plano de reassentamento das
famílias, todo ele está detalhado, ou seja, como vai ser o procedimento social,
quais os critérios que serão utilizados para remoção das famílias, em que tipo
de habitação elas serão instaladas, para ser compatível com a situação de vida
que elas vivem; a observação do terreno escolhido, se há estrutura urbana e
serviços disponíveis. Todos esses critérios foram absolutamente observados, de
forma que vai ser uma remoção feita com critério social adequado e extremamente
rigoroso.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Gilberto Batista.
O SR. GILBERTO BATISTA: : Sr. Secretário, as perguntas que eu iria fazer, em
parte, o Ver. Adeli já as fez. Seria de um detalhamento melhor dessa
modernização administrativa que o Senhor acabou de externar. Fica claro que a
Administração irá se preocupar com o servidor público, nessas áreas, para
o funcionamento da Prefeitura e de seus
órgãos. Outra questão seria relativamente às famílias desalojadas, preocupo-me
muito em escutar e espero que seja verdade da Administração Popular ao dizer
que essas negociações já estão encaminhadas a respeito de onde elas, realmente,
serão assentadas. É muito bonito dizer que está tudo resolvido, que estamos
estudando e, daqui a alguns anos, teremos problemas como o do Shopping
Cristal, como o do Aeroporto Salgado
Filho.
Realmente, é um Programa de Desenvolvimento muito amplo e que, se for feito, não digo rigorosamente como está no papel, a Cidade de Porto Alegre terá um acréscimo, terá uma qualidade com todo esse desenvolvimento de programas. Então, fica, da minha parte, um ponto muito preocupante em relação às famílias.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Dou-lhe meus parabéns pela forma como V. Exª está
fazendo a explanação, minuciosa. Mas neste Programa de Desenvolvimento
Municipal, que abrange a Terceira Perimetral e a pavimentação comunitária, eu,
na verdade, já fui esclarecido por perguntas que os meus colegas formularam
anteriormente.
Reporto-me à Perimetral: é
uma diagonal, uma verdadeira mediana que irá cortar a Cidade, é muito
importante.
Queria que V. Exª se
detivesse um pouco mais sobre essa possibilidade, quando cruza a Av. Ipiranga,
entre viaduto e ponte, porque não estou devidamente convencido, mas ainda não
tenho elementos, apenas uma dúvida.
Outra coisa também, é que
essa pavimentação comunitária está meio nebulosa, indefinida. Eu não tenho a suficiente informação para
saber até onde vai isso. São vinte e um milhões de reais. É muito dinheiro, e o
plano é, na verdade, a metade, a Perimetral e a metade menor, a pavimentação
comunitária. Então, se V.Exa. pudesse me adiantar alguma coisa ou se não puder quanto à variável, que são os juros, eu
tenho a impressão de que esta Câmara vai entender perfeitamente e caminhará ao
lado do Município, suprindo naquilo que for necessário qualquer oscilação que haja em torno desse
contrato. V.Exa. não terá absolutamente nenhuma dúvida sobre isso. Nós
estaremos aqui ao seu lado, ombro a ombro, sem nenhuma preocupação.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Nede Soares.
O SR. NEDE SOARES: Sr. Secretário, eu gostaria de
fazer uma pergunta sobre pavimentação comunitária. Eu faço parte, como
delegado, da Região Centro-Sul quando não estou aqui na Câmara. Nós tivemos lá
uma demanda das comunidades, seiscentas e oitenta obras, e a grande maioria era
pavimentação comunitária e, para que atingisse um maior número de comunidades,
foram escolhidas as pequenas obras, de até 200m. Parece-me que V.Exa. falou que
terão prioridade as obras de 250m em diante.
O SR. PRESIDENTE: Para responder, com a palavra o Sr. Secretário.
O SR. JOSÉ EDUARDO UTZIG: Em relação à questão do Ver. Gilberto Batista, é uma
preocupação, repito, que nós também temos tido ao longo do projeto, por razões
sociais. Não há sentido o Município
programar a execução de uma obra dessa importância na Cidade e não dar
um tratamento adequado aos impactos que ela vai gerar sobre a população. Quer
dizer, ao invés de um benefício, nós estaríamos trazendo, junto com ele, uma
série de problemas. Eu tenho disponível um plano de reassentamento. A área já
está definida pelo Município, para onde irão essas famílias. É uma área que
fica a menos de 2Km do local, de forma
que, inclusive, o meio urbano onde elas estão inseridas não vai sofrer
alterações substanciais. Acho que isso contempla uma preocupação tanto de V.
Exª. como nossa.
O ilustre Ver. Pedro Américo
Leal, sempre muito oportuno nos seus comentários é muito franco e muito claro.
Eu, talvez não tenha mais elementos para fornecer imediatamente sobre as razões
pelas quais nós adotamos essa solução na confluência da Av. Ipiranga, mas
também tenho disponíveis os estudos que fizemos, posso oportunizá-los a V.
Exas. no momento em que acharem necessário. Na verdade, a Av. Ipiranga foi a
solução de um complexo viário adotado ali, que inclui uma ponte, com
alternativas em alfa e em rótula. Ela está muito bem resolvida, do meu ponto de
vista e do dos técnicos que trabalharam nesse programa, sejam eles da
Prefeitura ou não. Não dá para pensar na solução viária adotada para a Av.
Ipiranga e para qualquer outra intercessão nos moldes em que ela funciona hoje,
pois aquilo ali irá sofrer uma
alteração substancial. Quem vem da Av. Ipiranga no sentido João Pessoa -
PUC, toda aquela parte que contorna
hoje a AMRIGS, que é toda urbanizada, irá mudar 100%. Ali teremos uma saída direta à direita, antes de chegarmos à
confluência, porque já está prevista uma saída anterior. Então, todas as saídas à direita serão
feitas por fora do sistema da confluência onde há o conflito entre as duas
intercessões. Isso vai reduzir substancialmente aquele carregamento ali. Então,
tudo isso está pensado no contexto de um complexo viário que será criado ali. Por isso é que estou dizendo que não
tenho elementos daquilo que me falta à visualização, mas foi com base em um
estudo técnico, o qual posso disponibilizá-lo a V. Exa..
Queria retomar o tema
da pavimentação comunitária. O
Município de Porto Alegre tem executado anualmente, aproximadamente, 20 Km de
pavimentação comunitária. Isso vem sendo executado ao longo dos anos,
exatamente para ir suprindo esse déficit, ao qual o Ver. Antônio Losada se
referiu antes. É uma demanda imensa por pavimentação comunitária na Cidade,
porque, como os senhores sabem, pavimentação traz, junto, drenagem,
eventualmente esgoto, eventualmente água, a infra-estrutura urbana básica.
Então, o que é que nós vamos fazer? Nós vamos continuar executando o programa
de pavimentação comunitária, mas vamos conseguir fazer uma equação financeira:
o Município vai executar, além das obras que ele executa ordinariamente, mais
uma obra de quase 100 milhões. Ele vai comprometer recursos próprios nessa
obra. Então, é preciso fazer uma equação financeira de forma que parte das
obras que ele faz ordinariamente participem do programa para diminuir o
desencaixe adicional que ele teria que fazer. Não há, aqui, nenhuma grande
novidade; são obras que o Município, ordinariamente, faz. Qual é a distinção? -
e, aí, é importante a questão que o Ver. Nede Soares colocou. Eu não estou
dizendo, absolutamente, que as obras maiores serão priorizadas; ao contrário, o
Município continuará fazendo as obras pequenas. O que eu disse é que as obras a
serem financiadas por esse recurso
serão as de maior porte. As demais -
as menores - terão continuidade
com recursos próprios do Município.
Então, na verdade, nós
estamos falando de uma equação financeira, de uma maneira de resolver melhor,
financeiramente, a execução das obras do Município. É tão-somente isso; não há
nenhum mistério; são obras que o Município vem executando anualmente, parte das
quais nós incluímos no programa. Outra parte continuará sendo feita com
recursos próprios do Município. Dessa forma nós vamos conseguir fazer as obras
menores, que a comunidade solicita ordinariamente, e vamos conseguir financiar
uma parte das obras maiores com recursos adicionais.
Isso é mais confortável para o Município executar uma grande obra. Essa grande obra vai exigir
um esforço muito grande. Lembro aos senhores que nós estamos falando numa
execução de 4 a 5 anos. Então, esses 21 milhões em pavimentação comunitária têm
que ser distribuídos. Nós estamos falando de 4 milhões por ano em pavimentação
comunitária, que é bem menos do aquilo que o Município gasta ordinariamente com
essas obras anualmente.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Sr. Secretário, nós queremos conceder-lhe mais 5 minutos para as suas
considerações finais.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL
(Questão de Ordem): Eu gostaria que V. Exa. falasse
da modernização administrativa, que vai acarretar que a Prefeitura se mobilize
para acompanhar tudo isso.
O SR. JOSÉ EDUARDO UTZIG: Sem dúvida, é muito
importante essa questão. O próprio projeto de modernização administrativa vai
possibilitar ao Município executar essas obras de maneira mais eficiente,
porque os nossos controles vão estar mais sofisticados, melhor aperfeiçoados,
vamos ter condições de uma execução mais tranqüila, porque este Programa de
Modernização Administrativa vai-nos dar ganhos importantes de eficiência na
Prefeitura.
Se observarem bem, o
Programa possui uma determinada concepção geral, trabalha com cinco linhas
complementares, que são importantes do ponto de vista de execução no Município
e são importantes, porque permitem um
bom manejo financeiro dos recursos da Prefeitura.
Então, é um Programa que
inclui grandes obras, obras menores dirigidas para a população de baixa renda,
inclui melhorias importantes na Prefeitura como um todo e que inclui melhorias
nos órgãos diretamente envolvidos na execução do programa.
Não é ocasional que tenha um
projeto de gerenciamento de pavimentos aqui. Estamos fazendo uma grande
quantidade de obras viárias, portanto, temos que melhorar o sistema de
conservação viária na Cidade. Temos que melhorar a segurança no trânsito para
diminuir a quantidade de acidentes e mortes no trânsito.
Então, o Programa tem toda
uma lógica interna que permite a ele ser abrangente e ao mesmo tempo ser bem
estruturado internamente.
Quero agradecer mais uma vez o convite desta Casa e dizer
que para mim é um prazer muito grande vir aqui, poder debater com os Srs.
Vereadores. Saio sempre enriquecido com as sugestões feitas. E além de tudo,
considero um dever nosso, como Executivo, estar disponível para que essa Casa
possa pedir os esclarecimentos e fiscalizar a nossa ação. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Ao encerrar este momento,
queremos agradecer o comparecimento do Secretário José Eduardo Utzig, de seu
adjunto, que prontamente atenderam ao convite desta Casa para esclarecer o
Projeto de Lei do Executivo a contratar operação de crédito com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento, BID, para o financiamento do Programa de
Desenvolvimento Municipal de Porto Alegre.
Agradecemos a presença do
Sr. Secretário, que leve o carinho dessa Casa, dessa Mesa, que vai estar atenta
a questões que envolvam a nossa Porto Alegre. Muito obrigado.
Suspendemos os trabalhos
para as despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 11h55min)
O SR. PRESIDENTE (às 11h56min): Passamos ao período de
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 2345/95 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 130/95, de autoria do ex-Vereador
Wilton Araújo, que declara de utilidade pública o Culto Africano e Religião de
Umbanda Mãe Oxum e Pai Ogum. (Desarquivado a requerimento do Ver. Luiz Braz)
PROC. 2742/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 166/97, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que modifica
a redação do art. 2º da Lei 462/50, que autoriza a doação de um imóvel.
PROC. 2796/97 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 005/97, que cria as Áreas Funcionais de Interesse Público
05, 07 e 09 da Unidade Territorial Funcional 03 da Unidade Territorial
Seccional Intensiva 37, define o Regime Urbanístico da Área Funcional 07,
estabelece normas para a regularização do Campus Universitário da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC. 2738/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 164/97, de autoria do Ver. João
Carlos Nedel, que denomina Praça Marco Antônio Hilário de Oliveira um
logradouro público localizado no Bairro Farrapos.
PROC. 2739/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 165/97, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina
Praça Monsenhor Alberto Nejar um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
3ª SESSÃO
PROC. 2600/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 156/97, de autoria do Ver. Nede
Soares, que autoriza o Executivo Municipal a implantar, nas escolas de primeiro
grau do Município, a disciplina de Planejamento Familiar.
PROC. 2706/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 162/97, de autoria do Ver.
Fernando Záchia, que denomina Praça André Forster um logradouro irregular
localizado no Bairro Petrópolis.
PROC. 2727/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 039/97, que autoriza o Poder Executivo Municipal a contratar operação de
crédito com a Caixa Econômica Federal - CEF, visando à implementação, no
Município de Porto Alegre, do Programa
de Saneamento - PRÓ-SANEAMENTO.
PROC. 2728/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 040/97, que autoriza o Poder Executivo Municipal a contratar
operação de crédito com a Caixa Econômica Federal visando à implementação, no Município de Porto
Alegre, do Programa PRÓ-MORADIA.
PROC. 2729/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 041/97, que autoriza o Departamento Municipal de Água e
Esgotos - DMAE a contratar operação de crédito com a Caixa Econômica Federal -
CEF, visando à implementação, no Município de Porto Alegre, do Programa de
Saneamento - PRÓ-SANEAMENTO.
O SR. PRESIDENTE: O Ver João Dib está com a palavra. Desiste. Com a palavra o Ver. Nede
Soares, para discutir a Pauta.
O SR. NEDE SOARES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores; público aqui presente, pela segunda
vez eu venho a esta tribuna, no ano de 1997. E hoje com muita satisfação, em
plena Semana Farroupilha, venho aqui
para um projeto que não é meu, é um Projeto do povo de Porto Alegre que me
delegou, através do voto, interceder por ele,
razão pela qual estou aqui.
Tramita nesta Casa, hoje, um
Projeto que versa sobre planejamento familiar. Este Projeto está em discussão,
está aberto a emendas e aqueles que acharem que não está correto poderão fazer
sua proposta.
Existe hoje um grande
contingente de crianças de rua. E se abrirmos as páginas dos jornais veremos
uma criança jogada num jardim. Tenho certeza que elas não foram planejadas.
Ainda hoje, à 1 hora da manhã, quando saí do acampamento aqui do Parque, ao
passar pela Av. Ipiranga com a Borges de Medeiros havia criança com menos de 5
anos pedindo esmola na esquina. Ao passar pela Icaraí com a Campos Velho, a
mesma cena. Isso só não comove quem não tem sensibilidade.
Nós estamos aqui através da
Delegação do povo de Porto Alegre e temos que propor alguma coisa para resolver
este problema. É certo que o poder econômico e o social são uma das causas, mas
temos que atacar o mal pela raiz e qualquer outra coisa que se fizer será
paliativa.
O Projeto que encaminho, que
não é meu, é do povo de Porto Alegre, visa a educação. É comum gente como eu,
que trabalhei com menor carente durante muitos anos, através do DED e,
posteriormente, através do Projeto Rondon, ver esta situação nas vilas, porque
Porto Alegre não tem favela, Porto Alegre tem vilas, casas humildes onde se
encontra flor plantada, onde tem uma flor existe a célula da família, ali tem
uma família organizada, favela existe onde eu trabalhei recentemente, no Rio de
Janeiro. Lá não existe flor, não existe dignidade, mas Porto Alegre, é a minha
cidade.
Há uns três anos, eu estava
no Rio de Janeiro, e me deparei com uma manchete, em nível nacional, que a
minha cidade, que tanto eu defendia, que aqui não existia criança abandonada na
rua, saiu na manchete que tinha crianças dividindo espaço, em pleno centro de
Porto Alegre, com os ratos, morando nos esgotos. Isso , eu acho, foi realidade,
pelo menos, foi noticiado em nível nacional. Eu gostaria de solicitar aos
companheiros, senhores Vereadores, que, quando tivessem uma oportunidade,
fizessem uma visita ao berçário da
Santa Casa, onde estão as crianças
abandonadas, que não foram planejadas. Que fizessem uma visita ao berçário da FEBEM, antes de criticar um
Projeto como o que está para ser apreciado. Como já falei,
o Projeto está aberto a Emendas, e o direito de crítica corresponde ao dever de propor e eu sei que fui
criticado , durante a semana, e não tive oportunidade de me defender, mas, pelo
que estou notando aqui, a fala de quem me criticou, Vereador que tenho muito
apreço pelo seu passado, o Ver. José Valdir, e o Ver. Renato Guimarães, que
também, no passado, foi conselheiro tutelar. Eu acho que fui mal-entendido
porque eu não propus controle da família, eu propus um planejamento familiar.
Então, recorrendo ao dicionário da Língua Portuguesa, ao Aurélio, controle:
“é o ato, o poder de controlar, domínio do governo, fiscalização,
exercício sobre as atividades das pessoas e órgãos, departamentos ou sob
produtos." Agora, planejamento, o
que estou propondo é: "o efeito de planejar, trabalho de preparação,
segundo métodos determinados."
Então, o direito de crítica
corresponde ao dever de propor. Estou aqui para ver propostas porque estamos
aqui como representantes da sociedade. Eu peço a todos os Vereadores que, antes
de votar e criticar, ouçam as propostas, gremistas ou colorados, já que os
gremistas perderam no último Grenal. A todos muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra, para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o parlamento é
isso, é onde se oportunizam os debates. E acho que o Vereador Soares está nos
proporcionando esse debate de fundo. E o que se debate não é a inclusão de um
currículo, no que concordo com o dito pelo Ver. José Valdir.
Mas o que se debate é a raiz do problema, se é o tamanho da
família que se tem ou se é o problema sócio-econômico. E antes mesmo de ser
conselheiro tutelar, já militava em defesa da criança e do adolescente da
cidade de Porto Alegre, e posso dizer que as crianças e adolescentes que andam
pelas ruas correndo risco social e pessoal vieram do interior, porque lá a sua
família não teve condições de se manter e sustentar os seus filhos. E esse
debate não é feito, o da reforma agrária. É um conjunto de crianças pedindo
esmola nas ruas, que tem como situação
de fundo os pais que estão desempregados. Esse debate do desemprego, questão
estrutural, não se faz. Essas crianças que estão nas ruas são o resultado de
famílias desestruturadas, em que o pai é alcoólatra ou coisa parecida, onde há
violência. E esse debate não se faz. São esses problemas estruturais que devem
ser a base do nosso debate para, quando resolvido, tentarmos enfrentar o debate
sobre a concepção do planejamento familiar. Eu venho de uma família pobre, mas
grande, em que ninguém foi para a rua pedir esmola, mas por muito pouco, porque
por muitas vezes a polenta e o café preto eram a refeição da manhã, do meio-dia
e da noite. Mas a situação sócio-econômica atual do País é gravíssima e fazer o
debate que se faz no Nordeste, onde as ONGs, algumas instituições e alguns
governos implantam programas de
planejamento familiar para esterilizar mulheres, para acabar com a capacidade
de construir uma família, essa concepção de planejamento familiar eu não tenho.
Há uma discussão de fundo de
que currículo escolar não é matéria para parlamento decidir; há a LDB e os
fóruns constituídos para apresentar em
uma proposta de currículo e de ensino. Antes de fazer esse debate, gostaria que
pudéssemos enfrentar o debate de fundo, estrutural, e que não ficássemos na
conseqüência.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Solicito que a Mesa
oportunamente me esclareça se é possível, se é permitido, nas inscrições em
Pauta alguém desistir, riscar e colocar outro no lugar em vez de correr normalmente
a inscrição na ordem de inscrição?
O SR. PRESIDENTE: Recebemos a sua Questão de Ordem
como um Requerimento e vamos, posteriormente, fornecer a resposta.
A SRA. TEREZA FRANCO (Questão de Ordem): Com relação aos berçários
lotados da Santa Casa e da FEBEM, como o Vereador citou, se não houvesse tanta burocracia para adotar uma criança,
os berçários não estariam nessa situação.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell, em discussão de Pauta.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não sou arquiteto, portanto não posso
planejar a construção de casas, como
muitos aqui na nossa Capital, pelo seu conhecimento técnico, podem fazê-lo; nem
sou engenheiro, que também desempenha uma função especial na construção de
moradias, mas sou Vereador, representante da cidadania de Porto Alegre. Sempre
tive uma preocupação social com os menos assistidos, e na semana que vem,
quando estaremos comemorando a Semana do Turismo, no sábado que vem, sem
dúvida, discutiremos as belezas de Porto Alegre e o potencial turístico da
nossa Capital.
Mas, chamo atenção dos senhores e senhoras para a entrada que
conduz a nossa Capital. Sem dúvida nenhuma não é o melhor espelho do conjunto
da Cidade de Porto Alegre, porque ali ainda vemos, lastimavelmente, favela,
subabitação, miséria. Indubitavelmente, nos últimos anos, colaboramos para que
soluções fossem dadas ao problema da subabitação, do perigo de as pessoas
viverem em lugares assim, como foi o caso da Vila Tripa na Sertório e da
Cai-Cai, ali na Padre Cacique e redondezas. Agora vem a esta Casa um Projeto de
Lei que trata do Pró-Moradia. Temos que aprovar esse Projeto imediatamente e
discutir um modelo de desenvolvimento habitacional para a nossa Capital. Mas
quero chamar a atenção que esse problema não será resolvido apenas por Porto
Alegre.
O Projeto em Pauta trata de um financiamento da Caixa Econômica
Federal. Muito bem. Finalmente temos alguns financiamentos, e um financiamento
de um órgão público federal. Não lastimo o desaparecimento do BNH porque ele
era organizado de uma forma equivocada. Mas lastimo que não haja um outro órgão
financiador da habitação popular em nível federal, lastimo o desaparecimento da
COHAB, não da sua estrutura burocrática, que teria que mudar, mas, sim, que não
haja uma companhia de habitação no nosso Estado. Nós temos o Departamento
Municipal de Habitação que, agora, nos propõe este Projeto e eu tenho certeza
de que nós o acolheremos, nesta Casa, porque Porto Alegre precisa cuidar mais,
cuidar melhor da questão habitacional. Eu diria mais, é preciso que nós todos
tenhamos mais ousadia. Até quero levantar isso através de um documento que
estou elaborando para o Departamento Municipal, porque não nos bastam, Ver.
José Valdir, Presidente da CUTHAB, apenas algumas remoções, algumas casas populares,
porque são muitas que necessitamos.
Eu gostaria de propor à
discussão, nesta Casa, já que este Projeto nos enseja a isso, a questão dos
lotes urbanizados. Acho que este é um
tema que deve vir à pauta. Sei, inclusive, de empresários que querem discutir e
financiar projetos nesta área, e, até hoje, eu tenho visto que encontramos
dificuldades. Talvez essa seja uma das poucas incompreensões do Partido dos
Trabalhadores, da nossa Administração. Mas eu estou aberto, sem dúvida nenhuma,
a este debate. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Elói Guimarães. Ausente. Ver. Gerson
Almeida. Desiste. O Ver. José Valdir
está com a palavra.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acredito que no meu pronunciamento, a
respeito do Projeto do Ver. Nede foi claramente colocado que a discussão sobre
as causas do crescimento demográfico,
porque este é um debate não resolvido, é uma questão até secundária. Até que ponto
o problema do crescimento demográfico nos países do Terceiro Mundo é uma
questão cultural ou não, ou seja, até que ponto a pobreza é fruto do número de filhos, da desinformação? Até que
ponto é um problema de educação? Essa
questão é a grande polêmica. Agora, em todos os países que fizeram
distribuição de renda, a taxa de crescimento demográfico caiu rapidamente. No
nosso País essa taxa vem caindo. Mas não é essa a questão que me leva a ser
contra o Projeto e sim o fato de a Câmara de Vereadores continuar achando que pode, a qualquer momento,
modificar o currículo das escolas introduzindo essa ou aquela disciplina. Se
assim o fizer, o currículo das escolas
vai virar uma colcha de retalhos inadministrável.
Aqui, nesta Casa, houve um ano em que passaram doze projetos
tentando introduzir outras disciplinas no currículo das escolas. Isso é um
problema prático. Alguns projetos têm
um conteúdo muito importante, têm mérito, assim como essa questão que
Vossa Excelência coloca, apesar de toda a polêmica; outros não tinham mérito algum, eram simplesmente para agradar uma parcela
do eleitorado, o que não é o caso do
seu Projeto. Aí, passa de tudo e como diz o gaúcho: "Abre a porteira,
passa um boi, passa a boiada."
Currículo é uma coisa muito
séria e aquela parte que pode ser modificada que é a parte diversificada, temos
que debater com a comunidade escolar, com os conselhos escolares e com os
técnicos no assunto. Não podemos cometer um desrespeito com a comunidade
escolar e, principalmente, com os profissionais da educação, porque aqui
ninguém legisla sobre o trabalho do médico, do arquiteto, por exemplo, mas do
professor, talvez porque esteja sendo desmoralizado pelo salário, todo mundo
acha que pode dar palpite sobre o seu trabalho. Então, quanto a esse tipo de
projeto, com todo o respeito e reconhecendo a importância do tema que V.Exa.
traz ao debate, não vai ser modificando o currículo que nós vamos contribuir
nessa questão. Acho que é equivocado nós querermos fazer esse debate, nós
queremos fazer alguma coisa pelas criancinhas, como V.Exa. falou, introduzindo,
simplesmente, uma modificação no currículo porque penso que vamos estar criando
um precedente muito sério e, para mim, é um desrespeito com os profissionais da
educação em primeiro lugar.
O Sr. Nede Soares: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não estamos
criando uma lei, estamos dando uma autorização ao Executivo para que ele
coloque essa disciplina em prática, se ele achar por bem fazê-lo. É um Projeto
autorizativo. Eu acredito que nós podemos fazer uma emenda; em vez de
disciplina, podemos fazer um conteúdo que poderá ser ministrado com Estudos
Sociais.
O SR. JOSÉ VALDIR: Vereador, não estou preocupado se é currículo. Esse não é o tipo de
matéria que a Câmara tem que legislar. Aliás,
se História e Geografia forem bem ministrados na escola, podem
perfeitamente abordar o assunto sobre planejamento familiar, que está dentro,
inclusive, do rol de assuntos de todas essas disciplinas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. NEREU D’ÁVILA (Requerimento): Sr. Presidente, na manhã de hoje, foram
feitos pronunciamentos com relação à Comissão chamada Comissão da Troca de
Votos. Este Vereador não pode estar presente naquele momento, e lendo as notas
taquigráficas, verificou-se que houve termos que, de certo modo, foram
ofensivos a esta Presidência e à Comissão em geral pele seu epílogo e o seu
relatório. Eu recebo, agora, um Requerimento por escrito do Ver. João Dib para
que seja realizada novamente a votação do relatório final dos trabalhos, da
lavra do ilustre Ver. Lauro Hagemann.
Ocorre que, quando
realizamos a última reunião, não houve
quórum e estávamos no prazo final da Comissão. Esperou-se das 10 horas até às
10h55min, sob o testemunho de toda a Casa. Estavam presentes cinco dos onze Vereadores,
faltava um para o quórum de seis. Então este Presidente resolveu encerrar a
reunião, sem a aprovação do relatório, nem poderia, e se os Vereadores que
estavam presentes quisessem assinar , eu não poderia impedi-los. Foi o caso: assinaram o relatório; os
demais, se quisessem, poderiam fazê-lo.
O que me leva ao
requerimento é que está sendo colocado em suspeição o Presidente, e a Casa está
envolvida.
Eu não teria nenhum problema
em aquiescer esse Requerimento do Ver. João Dib. Ocorre que,
regimentalmente, não tenho mais
competência, porque o prazo da Comissão se esgotou, não existe mais a
competência do Presidente da Comissão para reunir a Comissão. Esta é uma
questão regimental: a Comissão extinguiu-se pelo decurso do prazo, no meu
entendimento.
Agora, dada a gravidade da
situação e de tudo o que foi dito, eu requeiro, Sr. Presidente, duas coisa:
A primeira, a respeito dos prazos, a respeito do que estou dizendo
da minha competência ou não para requerer e das questões formuladas nos
pronunciamentos da manhã de hoje, eu requeiro uma opinião jurídica da
Procuradoria da Casa.
A segunda, requeiro que V.
Exª, já que eu não tenho competência
para reunir a Comissão, a reunião, com
a Procuradoria, para darmos uma satisfação à opinião pública. Inclusive eu
tenho que dar satisfações do que ocorreu, porque li nas notas taquigráficas que um ilustre Vereador colocou em
suspeição esta Presidência. É algo grave.
Se eu negar esse
Requerimento, eu sei o que vai acontecer: vai ser usado de outra forma que não
a que estou falando, que não tenho mais competência para reunir a Comissão. Eu
até gostaria que fosse reunida a Comissão, só que não adianta eu querer e
gostar porque não tenho o Regimento a me fortalecer. Nesse teor faço esse
Requerimento para que, se possível, V. Exa. providencie com a Procuradoria essa
opinião jurídica sobre a questão de prazos e das assinaturas. A questão
jurídica se põe assim: prazos já fluídos
e as assinaturas sem a reunião específica. O que acho não ser nada
espantoso, se o Vereador quer assinar, assina; se não quer, não assina, como
nas Comissões diz voto contra o relatório, também assina e vota.
Hoje, o caldo entornou,
foram longe demais nas circunstâncias da discussão, fugiram dos limites
estritos, inclusive em relação a esta Presidência, que fez de tudo tentando que
fossem equilibradas as forças que compunham a Comissão. Este Vereador sabe,
todo o mundo sabe, procurei e vi que
fui infeliz no meu desiderato.
É esse o meu Requerimento,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Independente de qualquer outra situação, vou solicitar um parecer da
Procuradoria sobre o encaminhamento que deve ser dado em função da questão
regimental, do prazo ter sido esgotado.
A reunião poderia ser
realizada - não teria problemas - se a Presidência convidasse os Vereadores da
Comissão e a Procuradoria. Uma vez
exarado parecer da Procuradoria, discutiríamos juntos, mas já em cima de uma
documentação fática.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, a parte final de sua intervenção já
me poupa de me alongar. Eu queria agregar aos Requerimentos do Ver. Nereu
D'Ávila, Presidente da Comissão, que a reunião, se houver, deferida por essa
Presidência, fosse realizada posteriormente à data em que for exarado o parecer
da Procuradoria em relação à questão.
V. Exa., com a sensibilidade que o caracteriza, poupou-me de fazer um
discurso mais longo. Obrigado.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, desde logo, devo declarar que, em nenhum momento, o Requerimento por mim formulado ao Presidente da Comissão, Ver. Nereu
D'Ávila, teve qualquer intenção de ser usado posteriormente, se fosse negado.
Realmente, submeto-me ao Regimento da Casa, submeto-me integralmente, e até
gostaria de saber se, não havendo quórum,
o parecer poderia ter sido votado. Isso é que eu quero que seja
informado.
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, recebemos a informação agora, taquigrafada, de que não
houve votação formal. Os Vereadores assinaram o relatório e outros Vereadores
se interessaram em assinar também.
O SR. JOÃO DIB: Eu retiro a solicitação e, mais uma vez, eu me rendo à justeza da
presidência no trato desta questão. Realmente não foi votado.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, eu ouvia o Ver. Nereu D’Ávila,
quando dizia, hoje pela manhã em manifestação da tribuna, que era colocado em
suspeição. Quem disse isso foi este Vereador. Particularmente, já
expliquei ao Vereador qual o sentido. O
que me surpreende, e por isso a Questão de Ordem, é que o pronunciamento deste
Vereador foi hoje pela manhã e o Ver. Nereu D’Ávila teve acesso às cópias
taquigráficas hoje, sem autorização deste Vereador.
Com o maior prazer daria a
autorização, mas a mim não o foi solicitado. Surpreendentemente para mim, o
Ver. Nereu D'Ávila teve acesso às cópias.
Sr. Presidente, só quero
deixar registrada minha estranheza quanto à existência de metodologia
diferenciada com alguns Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: A presidência informa que este
fato fugiu ao controle direto, inclusive, da nossa Diretora e deste Presidente,
mas pode ser que a pessoa que deu a informação tivesse entendido que podia dar.
Espero que isso seja corrigido e não volte a ocorrer.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem):Sr. Presidente, na forma de
Questão de Ordem, quero agregar uma
preocupação, independente das questões que já foram levantadas. Se bem entendo,
o fato de não ter sido votado o relatório faz com que inexista relatório. Quero deixar este comentário
agregado a esta Questão de Ordem para, também, ser considerado pela senhora
Procuradora da Casa. No meu entendimento o relatório foi agregado ao processo
mas do ponto de vista formal, ele
inexiste Se não é votado, inexiste; existe um documento, mas
não um relatório, porque,
evidentemente, não pode ser assinado
depois. O Ver. Nereu D'Ávila está sendo bem claro, não houve votação. Não há relatório nos termos do Regimento.
A segunda questão é que eu queria agregar, respeitando o
interesse do Ver. Nereu D'Ávila, entendo
a preocupação de S. Exa., mas entendo que, se ele perde o seu poder de Presidente, na medida em que a
Comissão se esgota, também o Presidente da Casa perde o poder de convocar Vereadores de uma Comissão; a Comissão não existe mais. Não há o que convocar, no
entendimento deste Vereador, com base no Regimento. Faço questão de agregar
essas duas questões dentro de todo o exame da matéria pela Sra. Procuradora
desta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está com
a palavra.
O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): Eu não invoquei termos
regimentais para o Presidente reunir a
Comissão. O que eu disse é que o Presidente poderia formular um convite aos Vereadores para se reunirem e discutirem todas essa questão com a
Procuradoria. Não têm por que essas coisas internas esgotarem uma hora, duas
horas de plenário, se é um problema interna
corporis da Comissão com o Presidente,
e há respeito a magistratura do Presidente. Outra questão que eu quero
evitar: não é costume desta Casa, que é extremamente democrática - temos que
proclamar isso bem alto, porque eu não gostaria de invocar um dispositivo
regimental, mas já que o Ver. Antonio Hohlfeldt tocou, sou obrigado a fazê-lo
-, diante dos prazos fluídos, e por não
haver manifestação da Comissão, extinguir
a Comissão. Eu não gostaria
disso em respeito ao nosso procedimento
democrático, porque, se formos aprofundar,
o Presidente teria essa possibilidade regimental que, particularmente,
nem citei para que não fosse usada. Por isso tentei usar que, pela majestade do
cargo de Presidente e eventualmente usado por V. Exa., pudesse com a Comissão e com a Procuradoria esgotar
as questões que estão sendo levantadas para ver os aspectos jurídicos e
regimentais. Essa é a preocupação, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Temos consciência de que o
assunto se tornou complexo e a Presidência não usou das atribuições que lhe
cabem para dar tempo de consultar à Procuradoria, até em homenagem a toda
Comissão, ao Presidente, ao Vice-Presidente, ao Relator e demais Vereadores,
porque o assunto ficou de certa forma com dificuldades. O Art. 65 do nosso
Regimento diz claramente que, de ofício o Presidente extingue a Comissão,
na medida em que o prazo esgotou. Mas
podemos, sem invocar o Regimento,
reunir-nos para chegarmos a um denominador comum, tendo na mão o parecer
da Procuradoria.
É a única forma que vejo,
senão, posso extinguir e pronto. Não precisaria nem perguntar a ninguém, mas
entendi que a ouvida da Procuradoria
seria melhor. Se for impositiva a minha posição, não tenho outra saída, tenho
que extinguir.
Ver. Nereu D’Ávila tem a palavra.
O SR. NEREU D'ÁVILLA: Surgiu um
novo problema que eu gostaria de colocar, e o Ver. João Dib poderia até opinar.
Verificando as assinaturas, vejo que há
seis assinaturas, mas duas delas são conclusões parciais. Uma, do Ver. Carlos
Garcia, diz "com restrições". Não sei que tipo de restrições, se
parciais ou totais. E a do Ver. Eliseu Sabino é contra a expressão "passa
por moleque".
Na verdade, se, por exemplo, for interpretado que a
restrição não é voto total de aprovação ao relatório, não haveria assinaturas
suficientes para a sua aprovação. São questões que estão esperando uma solução
jurídica e regimental.
O SR. PRESIDENTE: Voltamos a afirmar: nada poderá
ser feito, na minha opinião, sem ouvir a Procuradoria.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu entendo que não houve
relatório, não houve aprovação ou até negativa do relatório, mas ele foi
escrito. Eu gostaria que a Procuradoria informasse se estando escrito o
relatório, ele, obrigatoriamente, tem de ser votado naquele momento ou como
acontece com alguma matéria na Ordem do Dia,
que pode ser votada no dia seguinte. Eu também gostaria de saber se o
Plenário não poderia examinar o conjunto dos acontecimentos, o expediente todo,
como aconteceu em outras vezes.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Eu queria, inicialmente, fazer um
Requerimento solicitando que fosse avaliado, pela Procuradoria da Casa, se é
constitucional o dispositivo do Regimento que só permite a verificação dos
discursos 48 horas após serem proferidos.
A meu juízo, isto fere o artigo 5º da Constituição Federal.
Em segundo lugar, entendemos que, ao serem apostos os nomes -
fazendo uma interpretação extensiva, já que há uma lacuna legal para que
venhamos a apreciar esta situação - a posição das assinaturas dos membros da Comissão
é uma forma de votar e de aprovar o parecer. Aprovação com restrição é
aprovação apenas com restrição, e isso todos os Vereadores sabem, porque assim
procedemos nas Comissões Permanentes. Nesse sentido, apenas para referenciar e
aguardando o douto parecer da Comissão de Constituição e Justiça, reafirmo a
solicitação de Requerimento de apreciação da constitucionalidade de dispositivo
do Regimento interno que só permite a verificação dos pronunciamentos 48 horas
após serem feitos.
O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento):
Sr. Presidente, a preocupação da
Bancada do Partido dos Trabalhadores em relação a esse tema, que tem sido expressa várias vezes desde o
início da Comissão, é no sentido de que o procedimento que a Mesa adotou de
encaminhar à Procuradoria da Casa preceda qualquer outra iniciativa, de
Plenário, inclusive, porque a Bancada quer saber, regimentalmente, qual o
procedimento, pois, de outra forma, não vamo-nos subordinar a qualquer outra
situação que não seja a legalidade dos procedimentos. Não vamos usar essa
Comissão para outros interesses que não
o estrito cumprimento do requerimento feito, que deu origem à Comissão e ao seu
trabalho. Por isso, a nossa postura será conduzida por essa questão preliminar.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica que as notas taquigráficas da Sessão de hoje, em
especial desse episódio final, onde existem vários requerimentos, serão
colocadas à disposição da Sra. Procuradora para que ela possa entender melhor
todos os quesitos e perguntas e, assim, fazer a interpretação regimental, para
que possamos, posteriormente, nos reunir e,
se for o caso, trazer a
Plenário.
Esse, então, é o
encaminhamento dado e espero que todos estejam de acordo. O Ver. Antonio
Hohfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, peço vênia aos
companheiros de Plenário e à Mesa pela minha
insistência neste tempo, mas é, de um lado, um compromisso que tenho com
o Ver. Adeli Sell e, de outro lado, o compromisso que tenho com a comunidade de
Porto Alegre.
Não pude participar da
discussão da Pauta, pois não houve número de inscrição suficiente, mas quero
aproveitar a entrada, na Pauta de hoje, em 1ª Sessão, do PLL nº 166/97 (Processo nº 2742/97), de minha autoria, que
modifica a redação do art. 2º da Lei Nº 462, de 1950. O tema é, exatamente, o
Abrigo Dias da Cruz, instituição espírita sobre a qual pesa, ainda, por força
da legislação vigente, sempre o perigo de ela vir a perder a área atualmente
ocupada e locada.
O que devo ao Ver. Adeli Sell,
e faço questão, com muito gosto, de pagar é a correção de um discurso por mim
pronunciado há dias, quando afirmei, com uma informação equivocada da própria
instituição do Abrigo Dias da Cruz, que a Procuradoria do Município havia entrado
com recurso, em grau superior, em relação àquele processo original em que a
Prefeitura Municipal havia perdido a
ação por decisão do Juiz Sanseverino. Na verdade, o que o
Procurador-Geral do Município fez, por obrigação de ofício, foi, exatamente,
apenas dar andamento ao processo, inclusive explicitando - depois eu tive
acesso ao texto - que o Município não agregaria nenhuma outra razão, portanto,
abrindo mão, de uma certa maneira, de prazos e razões para discussões.
Acho que é de justiça se
fazer essa correção - eu havia recebido essa correção do Ver. Adeli Sell;
posteriormente, a própria instituição trouxe-me cópia do documento - e tenho
muita tranqüilidade em fazê-la.
Ao mesmo tempo, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, insistia
com o Ver. Adeli Sell, que temos de resolver
essa história do Dias da Cruz de uma vez por todas. A melhor maneira de
resolvermos essa história - no meu entendimento - é mudando a lei de 1950. Ou
seja, é modificando o art. 2º da Lei de 1950, que entregava, que doava essa
área, sob condição explícita de uma utilização direta para a expansão da
própria área construída do Abrigo. Eu entendo que 27 anos depois temos que ter uma flexibilidade
maior, quanto ao uso da área. O que fez
o Abrigo? Todos sabemos que ele utiliza a locação para juntar dinheiro e
expandir as obras sobre o próprio prédio já construído.
Por outro lado, na
modificação que estou propondo, não estou abrindo mão do controle obrigatório
que o Município tem que ter sobre a área para não haver desvio. Ou seja, não
pode haver revenda da área e, evidentemente, a locação tem que ser feita dentro
de parâmetros do mercado imobiliário vigente naquela área, para, em algum
momento, não virar coisa de compadre: eu alugo mais barato para facilitar a
vida de alguém ou coisa parecida.
É nesse sentido que eu fiz questão de usar o tempo de Liderança do
PSDB. Em primeiro lugar, para corrigir uma injustiça feita aqui em relação ao
Sr. Procurador-Geral do Município; em segundo lugar, para esclarecer o Projeto
que hoje começa a tramitar na 1ª Sessão; em terceiro lugar, para pedir o apoio
dos Srs. Vereadores em geral e, muito especialmente, contar com o Ver. Adeli
Sell no sentido de que ele seja o nosso porta-voz junto ao Governo, para que o
Governo municipal apóie esse Projeto e, com isso, nós resolvamos, de uma vez
por todas, a situação do Dias da Cruz, garantindo a manutenção daquela área,
garantindo o atendimento de necessitados e garantindo, portanto, um pouco mais
de justiça social na nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos Tempo Especial, de acordo com o Regimento, conforme inciso ”f” do § 1º do Art. 94, por
solicitação do Ver. José Valdir, para
fazer o relatório sobre a viagem, em que representou esta Casa, a Brasília.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ontem, dia 18 de setembro, a CUTHAB
esteve representada na audiência com o Sr. Ministro dos Transportes, Eliseu
Padilha, marcada pelo Deputado Vieira da Cunha, representando a Comissão
Especial de Habitação da Assembléia, para tratar do problema da Vila dos
Ferroviários. Também estiveram na audiência, além deste Vereador, a Vera.
Anamaria Negroni, o Deputado Vieira da Cunha, já citado, o Deputado Federal
Aírton Dipp, a Anália, representando o gabinete da Deputada Jussara Cony e o Diretor
do DEMHAB, João Verle.
A Vila dos Ferroviários é
constituída por funcionários aposentados e ex-funcionários da Rede Ferroviária
Federal. Esta Vila está em terrenos que parte pertencem ao Município e parte
pertencem à própria Rede. São quase cento e noventa famílias que ali residem e
ocupam as casas que foram construídas pela Rede, para a qual pagam uma Taxa de
Permissão de Uso. Recentemente, após a privatização dos serviços da Rede que,
no entanto, manteve sob seu controle o patrimônio, há uma decisão de se
desfazer dos bens para abater parte do déficit interno da Rede Ferroviária.
Para isso, a Rede já constituiu dois movimentos em relação aos moradores: o
primeiro, foi a renovação do custo da Taxa de Permissão de Uso; o segundo, já
anunciado, foi o processo de licitação de oito das quase 190 casas.
Os moradores, em resposta a
esta atuação da Rede, se constituíram em cooperativa e pretendem comprar as
casas com a intenção de que a Rede passe a
sua área de terra para o Município. Eles pretendem, também, que a
Prefeitura, de posse de toda a área,
garanta aos moradores a permanência, através da instituição do Direito Real de
Uso.
O objetivo da ida a Brasília
foi exatamente tentar criar as condições para estabelecer uma negociação entre
Rede, Município e os moradores da Vila. O objetivo era solicitar que o Ministro
intercedesse junto à Rede para que esta fizesse a negociação da Vila,
descontextualizada, de forma mais ampla do que a Prefeitura e a Rede estão
fazendo, que envolve áreas, inclusive, da Rodoviária e do Viaduto da Conceição.
Dado o problema social
daqueles moradores, uma das solicitações ao Ministro é que esta questão dos
moradores da Vila dos Ferroviários fosse tratada à parte, e não no conjunto
dessas negociações, que têm aspectos bastante complexos, e que a permuta da
área com a Prefeitura fosse agilizada e que fosse suspenso o anunciado processo
de licitação das outras casas, que, na verdade, era o começo para, a partir
dali, se estender ao conjunto das 190
casas da Rede.
O Ministro Eliseu Padilha
nos atendeu gentilmente, ouviu-nos, recebeu o nosso dossiê. No final da
reunião, ligou para o Sr. Isaac Pepusch, Presidente da Rede no Rio, e
determinou que ele fizesse contato com a direção da Rede aqui de Porto Alegre
para, imediatamente, sustar a anunciada licitação das casas. Portanto, o
objetivo imediato foi plenamente
atingido.
No mesmo telefonema, o Ministro combinou com o Presidente da Rede do Rio que, para a semana que vem, após ter recebido o dossiê que nós entregamos, fará um contato em Brasília com o Sr. Ministro, no qual irão discutir o assunto, dando-nos, posteriormente, o retorno.
Portanto, a nossa ida a
Brasília, nessa
audiência, que foi - como eu disse - agendada pelo Deputado, ex-Vereador desta
Casa, Vieira da Cunha, foi amplamente exitosa. Nós estamos convictos de que o
Ministro Eliseu Padilha, que é um homem sensível às questões sociais - visto
ter sido Secretário de Trabalho e Ação Social do Estado -, vai estar atento a
essa questão e vai dar-lhe o tratamento adequado, não permitindo que, nas
negociações - que já ocorrem há
bastante tempo entre a Prefeitura e a Rede -, a situação dos moradores seja
condicionada à resolução do conjunto dessas negociações, que são bastante
complexas. O Ministro vai dar um tratamento diferenciado para a Vila dos
Ferroviários, que envolve uma questão social e que, se não for resolvida, nós
teremos, sem dúvida, mais 190 famílias engrossando o já preocupante volume dos
sem-teto da nossa Cidade.
Era esse o relatório, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Informamos que os colegas
funcionários estão com grande expectativa, esperando para fazer uma
apresentação de dança na rampa.
A Mesa saúda todos os
colegas, dizendo que os pares já fizeram desfile pela Casa e vieram trazer o
calor de suas presenças, devidamente pilchados. Vamos participar da festa.
Visivelmente, não há quorum para entrarmos na Ordem do Dia.
(Encerra-se
a Sessão às 12h56min.)
* * * * *